12 nov, 2015 - 18:05 • Henrique Cunha
A plataforma representativa dos trabalhadores afirma que a venda da TAP era “inevitável” devido aos problemas de tesouraria. Já a Associação Peço a Palavra vai recorrer aos tribunais para manter a empresa nas mãos do Estado.
O Governo aprovou esta quinta-feira em Conselho de Ministros a minuta final do acordo relativo à conclusão do processo de privatização da TAP, considerando que a celebração do contrato com o consórcio Gateway é uma necessidade urgente e inadiável.
A plataforma representativa dos trabalhadores da TAP, que assinou um acordo com o Governo para a venda da empresa, considera normal o culminar do processo. André Teives, porta-voz dessa plataforma, disse à Renascença que era inevitável a entrada de um parceiro privado na TAP.
“Isto é o corolário de uma situação que decorre de há muitos anos. Os sucessivos governos deixaram a TAP chegar a um ponto que se tornou inevitável a entrada de um parceiro privado como sendo a única forma de capitalizar a empresa”, afirma André Teives.
O porta-voz da plataforma representativa dos trabalhadores considera que “não se trata de concordar ou discordar, não se trata de dramatismos, trata-se de realismo".
“A empresa, hoje, não tem meios para, por si própria, resistir às dificuldades de tesouraria”, alerta André Teives.
Associação promete lutar nos tribunais
A Associação Peço a Palavra promete processar civil e judicialmente quem assinar o contrato de venda da TAP ao consórcio Gateway.
Em declarações à Renascença, o cineasta António-Pedro Vasconcelos não reconhece legitimidade ao Governo de gestão para concluir o processo de privatização.
António-Pedro Vasconcelos considera ridículo o argumento financeiro utilizado pelo Governo para avançar com a venda da TAP.
“O Governo anuncia que tem que ser hoje, porque é urgentíssimo que a TAP seja capitalizada. O Governo disse isso mesmo em Junho. Isto é um pretexto completamente ridículo.”
Além disso, refere, “este processo arrastou-se e atrasou-se porque os compradores não têm capacidade financeira nem crédito. Foi preciso que o Estado se atravessa-se para avalizar”.
“Não deixa de ser curioso que o Novo Banco é um dos que, alegadamente, irá emprestar dinheiro ao novo consórcio. O antigo secretário de Estado das privatizações, o senhor Sérgio Monteiro, foi o responsável pelo plano de privatizações do anterior Governo, transitou para o Novo Banco. Não deixa de ser curioso. Tire as conclusões quem quiser”, nota António-Pedro Vasconcelos.
A Peço a Palavra sustenta, por outro lado, que a venda da TAP vai ter reflexos na economia nacional.
Questionado pela Renascença, o Sindicato dos Pilotos indica que só vai reagir quando for anunciado que o contrato foi assinado.