O Papa Francisco encontrou-se esta tarde com representantes das várias comunidades religiosas da Bósnia-Herzegovina, a quem teceu rasgados elogios pelo trabalho que se tem feito nesse campo, desde o final da guerra.
“Esta cidade, que no passado recente se tornara tristemente um símbolo da guerra e das suas destruições, hoje, com a sua variedade de povos, culturas e religiões, pode ser novamente sinal de unidade, lugar onde a diversidade não constitua uma ameaça, mas uma riqueza e uma oportunidade para crescer juntos.”
“Num mundo infelizmente ainda dilacerado por conflitos, esta terra pode tornar-se uma mensagem: atestar que é possível viver um ao lado do outro, na diversidade mas na comum humanidade, construindo juntos um futuro de paz e de fraternidade”, disse ainda o Papa Francisco.
Na Bósnia convivem três grandes comunidades, nomeadamente os bósnios muçulmanos, os sérvios ortodoxos e os croatas católicos. Na década de 90 o território foi duramente castigado pela guerra com as divergências religiosas a servirem de agravante às étnicas.
A solução, para o Papa Francisco, passa mesmo por um diálogo que não se deve limitar a questões teológicas nem se restringe às hierarquias religiosas. “Antes mesmo de se tornar um debate sobre os grandes temas da fé, o diálogo inter-religioso é uma conversa sobre a vida humana”, disse.
“Nele compartilha-se o dia-a-dia da existência, na sua vivência concreta, com as alegrias e as aflições, as canseiras e as esperanças; assumem-se responsabilidades comuns; projecta-se um futuro melhor para todos. Aprende-se a viver juntos, a conhecer-se e aceitar-se nas respectivas diferenças, livremente, por aquilo que se é.”
“No diálogo, reconhece-se e desenvolve-se uma comunhão espiritual, que unifica e ajuda a promover os valores morais, a justiça, a liberdade e a paz. O diálogo é uma escola de humanidade e um factor de unidade, que ajuda a construir uma sociedade baseada na tolerância e no respeito mútuo”, insiste o Papa.
Neste contexto, uma identidade religiosa bem definida é uma vantagem e não uma ameaça: “Sem identidade formada, o diálogo é inútil ou prejudicial”.
Neste encontro estavam representantes das diferentes igrejas cristãs, incluindo naturalmente os católicos e a maioria ortodoxa. Estavam também representantes da pequena mas histórica comunidade judaica e dos muçulmanos, que formam a maioria no país.
O encontro teve como ponto alto uma oração conjunta em que se pediu pelo país, sublinhando o que as diferentes religiões têm em comum. "Nós, descendentes de Abraão pela fé em Vós, único Deus, judeus, cristãos e muçulmanos, humildemente estamos diante de Vós e com confiança Vos pedimos por este país, a Bósnia-Herzegovina, para que nele possam habitar em paz e harmonia homens e mulheres crentes de diferentes religiões, nações e culturas."