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Relatório de Mueller sobre conluio com a Rússia iliba Trump? "Não"

24 jul, 2019 - 13:37 • Redação

Procurador especial que investigou suspeitas de obstrução à Justiça e outros crimes atribuídos ao atual Presidente e à sua equipa está a ser ouvido esta quarta-feira no Congresso. Questionado sobre se Trump poderá ser julgado quando abandonar a Casa Branca, respondeu duas vezes: "Sim".

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Quando, no final de maio, pela primeira e última vez, o procurador especial norte-americano Robert Mueller falou publicamente sobre a sua investigação à interferência russa nas presidenciais de 2016, garantiu que não obteve "provas suficientes" para acusar Donald Trump de obstrução à Justiça.

Robert Mueller, que então reforçou que “acusar o Presidente [dos EUA] nunca foi uma opção”, anunciaria ainda o fim do seu gabinete de investigação especial e o abandono do Departamento de Justiça para voltar à sua “vida privada”.

O procurador especial não pretendia, portanto, testemunhar no Congresso, preferindo que o relatório que elaborou “falasse por ele”. Ora, essa não foi a opinião dos Democratas, que acreditam que as 448 páginas (e o que lá vem escrito) de um relatório que demorou quase dois anos a concluir deveriam ser explicadas aos americanos pelo próprio Mueller (o procurador especial apenas fez uma breve comunicação a partir do Departamento de Justiça).

É neste contexto que o investigador está, esta quarta-feira, a ser ouvido no Congresso, numa audiência que começou às 13h30 em Lisboa e que deverá durar aproximadamente seis horas.

Na sua primeira intervenção, Mueller defendeu a necessidade do inquérito, pois deste resultaram acusações a 12 elementos do exército russo, tendo sete dos réus “confessado ou sido declarados culpados” dos crimes de que são suspeitos. “Aceitei esta tarefa", sublinhou, "porque acredito que era do interesse primordial da nação determinar se um adversário externo interferiu nas eleições” que viram Donald Trump chegar à Casa Branca.

Interferência, conluio e obstrução

Segundo Mueller, o Governo russo interferiu nas eleições “de maneira profunda e sistemática”, sendo essa uma das grandes conclusões da sua investigação.

No entanto, referiu na primeira hora da sua audiência, “a investigação não encontrou provas de que membros da campanha de Trump tenham conspirado com o Governo russo nas suas atividades de interferência na eleição”, razão pela qual insiste que “não há conspiração”, pelo menos do ponto de vista “criminal”.

Questionado pelo democrata Jerry Nadler sobre se o relatório não diz explicitamente que não houve obstrução de Trump à Justiça, Robert Mueller respondeu sem hesitar: “Correto.” E esse mesmo relatório “iliba” o Presidente, reforçou Nadler? “Não”, devolveu o procurador especial, concluindo depois: “O relatório indica que o Presidente não foi ilibado dos atos que alegadamente cometeu [envolvimento na interferência russa nas eleições norte-americanas]”.

Depois disto, Mueller confirmou a Doug Collins, líder do Partido Republicano no Comité onde está a ser ouvido, que Donald Trump recusou ser entrevistado pelo gabinete do procurador especial durante mais de um ano. O Presidente acabaria por fazê-lo, ainda que só tenha respondido a uma parte das questões e sempre de forma evasiva.

Robert Mueller afirmou também que, quanto ao conluio – algo que, reforçou, é diferente de “conspiração” –, “encontrámos provas insuficientes da culpabilidade do Presidente”.

Mais adiante na audição, e questionado pelo republicano Ken Buck sobre se Trump poderá vir a ser acusado formalmente assim que abandonar a Casa Branca, o procurador especial norte-americano respondeu, por mais do que uma vez, "sim".

Logo em seguida, outro democrata, David Cicilline, perguntou a Mueller se está de acordo com todos os procuradores dos EUA (1.000 ao todo), que dizem que com as provas apresentadas no relatório, qualquer outro cidadão (que não o Presidente) seria julgado por obstrução à Justiça. O procurador especial acabaria por não responder à pergunta, uma vez que o tempo para o fazer acabou.

Por diversas vezes, Robert Mueller explicou que dificilmente, mesmo com as provas recolhidas, poderia vir a acusar o Presidente dos EUA, uma vez que a política do Departamento dos Justiça é a de não indiciar um Presidente em funções.

[Atualizado às 16h20]

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