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#NotMyAriel. Escolha de atriz negra para filme "A Pequena Sereia" causa polémica

09 jul, 2019 - 19:06 • Inês Rocha

Fãs acusam Disney de adulterar a personagem original, que tinha "a pele clara e delicada como uma pétala de rosa", ao escolher Halle Bailey para dar vida a Ariel na versão live-action do filme.

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A escolha de uma atriz negra para interpretar Ariel na versão live-action do filme “Pequena Sereia”, da Disney, está a causar polémica nas redes sociais.

Na semana passada, o estúdio anunciou que será a norte-americana Halle Bailey, atriz e cantora de 19 anos, a dar vida à personagem no filme, cuja rodagem irá começar em 2020. As reações não se fizeram tardar, com muitos fãs a queixarem-se da escolha “politicamente correta” da Disney ao selecionar uma atriz negra para dar vida a Ariel.

O hashtag #NotMyAriel (“Não é a minha Ariel”) rapidamente subiu aos “trending topics” do Twitter, com muitos utilizadores enfurecidos a apelar ao boicote ao filme.

O conto de 1837 é da autoria do dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875). No texto original, o autor descreve uma jovem sereia que sonhava em abandonar a vida nos mares e tornar-se humana. Sobre as suas características físicas, o autor descreve que tinha "a pele clara e delicada como uma pétala de rosa e os olhos tão azuis como o oceano mais profundo”.

A Disney adaptou o clássico da literatura em 1989, dando-lhe olhos claros, cabelos ruivos e cauda verde.

Jodie Benson, que dá voz à Ariel norte-americana, revelou à revista Entertainment Weekly que, nas primeiras artes conceptuais, a Pequena Sereia era loira.

"Lembro-me de dizer à produção que era curioso estarem a fazer outra princesa loira depois de Cinderela e Aurora (“A Bela Adormecida”). Pouco depois, trocaram o cabelo para vermelho. E assim surgiu a primeira princesa ruiva", lembrou.

Certo é que a imagem da sereia ruiva ficou no imaginário dos fãs. Entre os críticos da escolha da Disney, há quem afirme que “Ariel é da Dinamarca… nórdica…”, e por isso devia ser branca.

Um argumento depois discutido pela rede de televisão norte-americana Freeform, da Walt Disney Television, que lembra que, mesmo que Ariel seja dinamarquesa, também os dinamarqueses podem ser negros.

Segundo o site Comicbook, Jodi Benson, a voz original de Ariel na versão norte-americana de “A Pequena Sereia”, defendeu a escolha do estúdio, este fim-de-semana, numa convenção na Florida.

“O espírito da personagem é o que realmente importa. O que trazes numa personagem é o seu coração, o seu espírito – isso é o que realmente interessa”.

“Temos de ser contadores de histórias. Não importa o que parecemos por fora, não importa qual a raça, a nação, a cor da nossa pele, o nosso dialeto, se somos altos, magros ou obesos, ou qual a cor do nosso cabelo, temos mesmo de contar a história”, disse a atriz e cantora.

Esta é a segunda vez que uma afrodescendente interpreta uma princesa da Disney. Em 1997, Brandy Norwood fez o papel de Cinderela no filme que tinha Whitney Houston como fada madrinha e Whoopi Goldberg como rainha.

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