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Meio milhão de crianças em elevado risco por causa de combates na Líbia

11 abr, 2019 - 14:05 • Agência Lusa

Há uma crise humanitária iminente, alerta Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários. Em seis dias, os combates na capital provocaram 56 mortos e 266 feridos, diz a OMS.

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Cerca de meio milhão de menores estão em risco devido aos combates entre tropas do Governo de Trípoli e forças leais ao marechal Khalifa Haftar, que há uma semana tenta controlar a capital líbia, segundo um organismo da ONU.

De acordo com o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), em declarações à agência de notícias EFE, existe um alto risco de crise humanitária iminente devido às más condições em que milhares de refugiados estão em centros de detenção e cerca de mil famílias que foram deslocadas devido aos conflitos armados e que estão limitados nos bairros ao sul de Trípoli.

"Há ainda dezenas de outras pessoas presas em suas casas, sem opções para fugir com segurança", avança um funcionário da Tunísia.

Os confrontos começaram a 4 de abril, data em que o marechal Haftar, homem forte no leste do país, ordenou a conquista de Trípoli, numa clara mensagem à comunidade internacional.

Desde então, os combates, que já causaram meia centena de mortos, são travados diariamente nos bairros de Ain Zara, Al Rabie e campo de Al Yarmouk, tendo o aeroporto internacional de Trípoli como seu principal objetivo.

Os confrontos também envolveram milícias da cidade vizinha de Misrata, o principal porto comercial da Líbia, enviadas em auxílio ao Governo, apoiado pela ONU desde 2016 após o fracassado plano de paz para o país.

Neste ambiente de crescente violência, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) foi forçado nas últimas horas a mudar cerca de 150 refugiados e requerentes de asilo que tinham sido presos em um centro de detenção na cidade de Ain Zara.

Outras centenas conseguiram escapar de outros centros de detenção na capital, como dezenas de residentes, que viajaram para o oeste para chegar à fronteira com a Tunísia.

"Muitos refugiados e migrantes na Líbia sofrem condições perversas. Agora tem um risco adicional sério e devemos esforçar-nos para remover todos os civis do perigo e levá-los a lugares onde estejam mais seguros", disse o chefe-adjunto da missão do ACNUR na Líbia, Matthew Brook.

Os combates na capital líbia provocaram, nos últimos seis dias, 56 mortos e 266 feridos, indicou a Organização Mundial de Saúde (OMS) esta quinta-feira. E quando a ONU se mobiliza para apoiar, os superlotados hospitais do país.

A Líbia é um Estado falido, vítima do caos e da guerra civil, tendo em 2011 a NATO contribuído para a vitória dos vários grupos rebeldes sobre a ditadura de Muammar al-Kadhafi.

Atualmente, o país tem dois centros de poder: uma administração (Governo de Acordo Nacional - GAN) apoiado pela ONU e pela União Europeia em Trípoli, e outro na cidade oriental de Tobruk, sob a tutela de Haftar.

Do caos, beneficiam-se dezenas de milícias e grupos que se dedicam ao contrabando de armas, pessoas e combustível e que se tornaram o verdadeiro motor de um Estado com uma economia destruída.

As grandes potências não conseguiram ainda encontrar no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) uma posição comum sobre a crise na Líbia.

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