18 jul, 2024 - 02:40 • Marisa Gonçalves
O mais recente relatório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) demonstra que foram detetadas novas linhagens do SARS-CoV-2, o vírus da covid-19, numa altura em que Portugal enfrenta mais um surto da doença.
Em declarações à Renascença, o virologista Paulo Paixão confirma que está a aumentar o número de casos da doença, mas este especialista não acredita que as mutações do vírus sejam mais perigosas. Sublinha que a situação fica mais a dever-se à atual falta de imunidade.
“As alterações do vírus fazem, normalmente, com que ele se possa agarrar melhor às células e ser mais transmissível, ou então, fazem com que o vírus seja um pouco mais resistente às nossas defesas, que é o que parece acontecer. Ou seja, mais resistente à nossa imunidade”, refere.
O virologista alerta que a situação não deixa de ser preocupante dado que os números refletem uma subida, em relação ao último inverno.
“Os números mais recentes apontam para mais de 20 casos de infeção a sete dias, por cem mil habitantes. Significa que superou a época de inverno, embora curiosamente seja inferior ao pico do verão passado. A mortalidade é significativa porque registaram-se 15 óbitos em duas semanas por um milhão de habitantes. Atendendo a que somos cerca de 10 milhões, realmente é um número significativo e superior ao último Inverno.”
Saúde
“É um aumento que, apesar de ser identificado, é i(...)
Nestas declarações à Renascença, o especialista não prevê uma sobrecarga dos serviços de urgência, face a este cenário.
“Se houver urgências fechadas, naturalmente que isso complica, mas, honestamente, não me parece que venhamos a ter qualquer situação parecida com aquela que aconteceu no Inverno. É verdade que o número de casos está a aumentar, mais do que aquilo que se esperava, no entanto, dizermos que vamos ter uma sobrecarga no serviço de urgência por causa das infeções respiratórias, não acredito”, sustenta.
Paulo Paixão acrescenta que na época de inverno circulam outros tipos de infeções respiratórias que elevam a probabilidade de saturação dos sistemas de saúde.
O virologista apela à vacinação contra a covid-19 na próxima época de setembro/outubro e recomenda o reforço de medidas de prevenção.