A Feira do Granito de Vila Pouca de Aguiar, que decorre desta sexta-feira até domingo, apresenta-se como uma das maiores montras da indústria do granito a nível nacional e assume o objectivo de ajudar a conquistar novos mercados e potenciar o sector.
“O objectivo da feira é potencializar o granito que tem uma importância enorme na socio-economia local”, diz à Renascença o presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Alberto Machado.
Vila Pouca de Aguiar tem a sua maior fonte de emprego na área do granito, sector que é. assim, o motor da economia local. São “cerca de 50 empresas que dão emprego a mais de 2.500 pessoas, de forma directa e indirecta”, explica o autarca. "O volume de negócios anual superior a 10 milhões de euros”, acrescenta.
O autarca realça ainda que 45% do granito extraído ou transformado no concelho “visa a exportação” e está a contribuir para os “resultados positivos que se começam a sentir a nível nacional”.
Portugal continua a ser o principal mercado de granito, que é também vendido para outros países da Europa, casos da Alemanha, França e Inglaterra - para o Brasil e para África.
Para aumentarem as exportações, os empresários estão a procurar novos nichos de mercado e “a Europa continua a ser uma aposta, devido ao custo dos transporte e à proximidade”, conclui Domingos Ribeiro.
No sentido de ajudar à exportação, a Câmara de Vila Pouca de Aguiar tem assinado protocolos com as câmaras de comércio e indústria luso francesa, chinesa e luxemburguesa. Recentemente, de visita ao concelho esteve uma delegação de arquitectos do Luxemburgo, para incentivar ao uso do granito local em obras da Europa.
Em Vila Pouca de Aguiar, conhecida como a “Capital do Granito”, são extraídos os granitos Amarelo Real, Pedras Salgadas e Cinza Telões, todos certificados pelo Instituto Geológico Mineiro (IGM).
A Feira do Granito conta com 141 expositores, meia centena dos quais ligados ao sector do granito.
Sector também afectado pela crise
Apesar de todos os dados positivos, o sector não deixou - e deixa - de sentir efeitos da crise, devido às quebras verificadas a nível da construção civil em Portugal e a nível internacional.
O presidente da Associação dos Industriais do Granito (AIGRA), Domingos Ribeiro, diz que, nos primeiros três meses de 2015, os empresários estavam “muito optimistas” , pensando que se “ia entrar numa velocidade mais ou menos boa”, mas, agora, sentem que “não é bem assim” e existem “algumas dificuldades”.
O empresário explica que, na área da construção civil, o sector do granito “está no fim da linha”, está a fornecer o acabamento, as fachadas, os balcões, o ladrilho, sendo, por isso, o "último a sentir essa retoma”.
A estas dificuldades, acrescem ainda outros constrangimentos, “como o aumento do preço dos combustíveis ou a introdução de portagens nas antigas SCUT”.
Homenagem à “pedra rainha”
Um dos pontos altos da Feira do Granito volta a ser o “Arrastão da Grande Pedra”.
Populares das freguesias do concelho vão unir forças para arrastar 14 toneladas de rocha. É um “regresso às origens que pretende homenagear a pedra rainha da região, o granito, e destacar a força e a determinação das gentes do interior”, refere o presidente da autarquia de Vila Pouca de Aguiar.
Antigamente, antes de se recorrer à ajuda dos animais, era à força dos braços do homem que se transportavam as pedras para a construção de casas ou monumentos.
“É uma imagem que queremos passar - que precisamos de todos para superarmos as dificuldades. É uma imagem que transcende o granito e que passa para a população, para a necessidade de estarmos todos unidos para resolver e ultrapassarmos os problemas”, realça o autarca Alberto Machado.