09 mai, 2019 - 07:01 • Eunice Lourenço
Votem! “É o nosso futuro europeu comum que está no boletim de voto” - É um apelo comum subscrito por todos os Presidentes da República dos países da União Europeia numa carta publicada esta quinta-feira em vários meios de comunicação.
Na carta, os presidentes, em que inclui Marcelo Rebelo de Sousa, reconhecem o momento difícil que vive a União Europeia, mas defendem que a integração europeia é a “melhor ideia” que os europeus já tiveram e que só uma “Europa forte e integrada” pode vencer os desafios do futuro.
“A integração europeia ajudou a concretizar uma esperança secular pela paz na Europa, depois de o nacionalismo desenfreado e de outras ideologias extremistas terem conduzido a Europa à barbárie de duas guerras mundiais”, começam por escrever os 21 chefes de Estado, alertando que “não podemos e não devemos tomar a paz, a liberdade, a prosperidade e o bem-estar como garantidos”. Por isso, continuam, “é necessário que todos nos empenhemos ativamente nesta grande ideia de uma Europa pacífica e integrada”.
“Expressando uma vontade comum, os povos da Europa uniram-se criando uma União Europeia que assenta nos princípios de liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça e lealdade entre si. Uma União que não tem precedentes na história da Europa”, continuam os presidentes de Bulgária, República Checa, Alemanha, Estónia, Irlanda, Grécia, França, Croácia, Itália, Chipre, Letónia, Lituânia, Hungria, Malta, Áustria, Polónia, Portugal, Roménia, Eslovénia, Eslováquia e Finlândia, que consideram que as eleições europeias deste ano são de “especial importância”.
A carta, ao que foi explicado à Renascença, só não é assinada por todos os chefes de Estado da UE porque os reis não podem subscrever manifestos políticos.
“Nestes meses, mais do que nunca, a União Europeia enfrenta grandes desafios. Pela primeira vez desde o início da integração europeia, as pessoas falam em reverter uma ou mais etapas de integração, tais como a livre circulação ou a abolição de instituições comuns. Pela primeira vez, um Estado-Membro pretende sair da União. Em simultâneo, outros reclamam por mais integração na UE, ou na zona euro, ou falam de uma Europa a várias velocidades”, escrevem os Presidentes, que reconhecem que, mesmo entre eles, tal como entre os cidadãos europeus e os governos dos vários Estados membros, há divergências sobre caminhos a seguir em várias matérias.
No entanto, continua a carta, “todos concordamos que a integração e a unidade europeias são essenciais e que pretendemos continuar a Europa como uma União” porque “apenas uma comunidade forte será capaz de enfrentar os desafios mundiais do nosso tempo”. Entre esses desafios “que não ficam confinados às fronteiras nacionais” estão os efeitos das alterações climáticas, do terrorismo, da globalização económica e das migrações. “Somente se trabalharmos em conjunto, como parceiros iguais a nível institucional, enfrentaremos com êxito estes desafios e permaneceremos na rota para a coesão económica e social e para o desenvolvimento”, defendem os chefes de Estado.
A Europa, escrevem, “é capaz de suportar uma grande diversidade de opiniões e ideias”, o que não pode é voltar a ser um espaço “em que os países já não sejam parceiros iguais, mas oponentes”.
Por tudo isso, concluem, “precisamos de uma União Europeia forte, uma União com instituições comuns, uma União que reveja constantemente o seu trabalho com um olhar crítico e que seja capaz de se reformar a si própria. Uma União que assente nos seus cidadãos e nos Estados-Membros como bases fundamentais.”
E essa Europa presidente de “um debate político vibrante”, tendo por base a Declaração de Roma de 25 de novembro de 2017, e precisa de “uma forte votação pelos povos”.