22 abr, 2019 - 12:45 • Pedro Azevedo
Marco Ferreira e Veiga Trigo, antigos árbitros internacionais, dizem que a revelação das equipas de arbitragem imediatamente a seguir à sua nomeação, por parte do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, resolveria o problema das fugas de informação.
A polémica subiu de tom com o anúncio antecipado nas redes sociais dos nomes escolhidos para os jogos Nacional-Sporting, Feirense-Braga e Porto-Santa Clara. Esta segunda-feira, Tiago Martins foi apontado nas redes sociais ao Benfica-Marítimo, uma informação que acabaria por ser desmentida, quando a Liga de Clubes se apressou a revelar que será Luís Godinho a dirigir o encontro desta noite que encerra jornada 30 da I Liga.
Conselho de Arbitragem pediu, no sábado, uma reunião com a Liga de Clubes para investigar as fugas de informação. Marco Ferreira, antigo árbitro internacional, preconiza uma solução para acabar com o problema. “Se a transparência é o lema deste Conselho de Arbitragem, não faz sentido esconder as nomeações. Deveriam ser públicas como antigamente, logo no início da semana”, sugere Marco Ferreira em entrevista a Bola Branca.
Para Marco Ferreira, é importante mudar as regras de divulgação das nomeações mas também outros aspetos em torno da arbitragem. “Importa também mudar a mentalidade da nossa sociedade desportiva. É preciso haver aumento dos castigos, como acontece em Inglaterra, para ser punido severamente quem fale dos árbitros antes e depois dos jogos. Neste caso, sendo as nomeações divulgadas antecipadamente como no passado acontecia, seria um sinal de transparência. Esconder a informação não resolve o problema da arbitragem portuguesa”, sublinha.
O antigo árbitro internacional reforça que “antigamente eram divulgadas publicamente as nomeações à terça-feira, e não era por essa razão que a arbitragem era melhor ou pior. A atitude que o Conselho de Arbitragem teve em esconder as nomeações foi num momento de grande tensão na arbitragem mas não resolveu”, considera.
Difícil evitar as fugas de informação
Marco Ferreira analisa o problema das fugas de informação após a escolha dos árbitros e reconhece que é difícil manter os nomes em segredo até ao dia dos jogos. “É muito difícil evitar a fuga de informação porque há muita gente envolvida na Federação, Liga, serviços de motoristas, hotéis, etc. É muito difícil esconder o nome dos árbitros para os jogos. A melhor solução é abrir a informação e tornar a arbitragem cada vez mais transparente sem a ocultação seja do que for”, defende.
Veiga Trigo sugere a destituição do Conselho de Arbitragem
Outro antigo árbitro internacional ouvido por Bola Branca, Veiga Trigo, alerta para a urgência dos árbitros serem nomeados e anunciados publicamente logo no início de cada semana, tecendo duras críticas ao atual Conselho de Arbitragem. “Este caso surgiu à tona pela incompetência do Conselho de Arbitragem da FPF. Não tem pessoas à altura para dirigir a arbitragem portuguesa. Deveria ser destituído”, considera.
Sobre as fugas de informação, Veiga Trigo acha que a única solução para o problema peca por tardia. “Para acabar com esta polémica, há muito tempo que as nomeações deveriam ser feitas logo à segunda ou terça-feira. A divulgação imediata resolveria o problema avisando os árbitros para não frequentarem certos e determinados sítios e não acetassem chamadas telefónicas de números desconhecidos”, sugere.