12 abr, 2019 - 18:43 • Tiago Palma
Tendo em conta os sucessivos chumbos (três, até ver) do acordo de Theresa May, tendo em conta os sucessivos adiamentos que a primeira-ministra britânica já pediu a Bruxelas, sendo o próximo até 31 de outubro, tendo em conta que ninguém se entende na Câmara dos Comuns e que o único (aparente) consenso é não deixar a União Europeia (UE) de modo desordenado – pois isso acarretaria uma longa e nefasta recessão –, não surpreende a ninguém as declarações proferidas esta sexta-feira pelo ministro das Finanças britânico, Philip Hammond, que admitiu que o Parlamento não descarta a realização de um segundo referendo sobre a permanência na UE.
Segundo a agência Reuters, Hammond deixou tal possibilidade durante numa reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), admitindo, porém, que o prazo para a saída britânica, no final de outubro, é “curto” para realizar uma segunda consulta pública.
Assim, o ministro das Finanças espera que o Governo de May e o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, cooperem (como May já propôs depois do terceiro chumbo e Corbyn aceitou) para ajustar o acordo, ou as emendas ao acordo, à medida da vontade dos deputados e façam passar o mesmo antes, preferencialmente, do final da extensão.
Analisando a hipótese de referendo, e de o Parlamento solicitar que a decisão volte à casa de partida, o povo, o que é que pode acontecer? O resultado de um segundo referendo é imprevisível. Mas e se os britânicos (em 2016, mais de 17 milhões voltaram a favor da saída) decidissem que, afinal, querem permanecer na União Europeia? Ficaríamos por aqui, por um sim? Provavelmente não. Supondo que os britânicos mudavam de ideias e que, afinal, pretendiam ficar na União Europeia, os partidos pró-Brexit exigiriam sempre a realização de um terceiro, e definitivo, referendo.