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​D. Maurílio de Gouveia, o amigo que era bispo

22 mar, 2019 - 07:30 • Rosário Silva

Pode a tristeza da perda transformar-se na serena alegria da presença? Pode. Elas testemunham.

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Conversam, em roda, enquanto aguardam a chegada dos restos mortais do amigo D. Maurílio, para uma ultima homenagem. O diálogo podia ser melancólico, mas estas cinco mulheres preferem recordar com um largo sorriso, o homem, o “pai espiritual”, que a todas marcou.

Florbela Ferreira tem 65 anos e é casada com um diácono. Antes de o marido ser convidado, D. Maurílio de Gouveia, consultou-a, e pediu-lhe segredo.

Com 28 anos, Margarida Piçarra recorda o Crisma e os anos que pertenceu ao coro da Sé, sempre muito acarinhado pelo arcebispo emérito.

A jovem Carla Mendes, aos 27 anos, tem bem presente o seu casamento celebrado por D. Maurílio que presenteou o casal um terço oferecido pelo Papa Bento XVI.

Licínia Serôdio veio de Coimbra para Évora, aos 18 anos. Hoje com 41, lembra com emoção o dia em que convidou o prelado para batizar o seu primeiro filho. Convite que deixou um bispo em “silêncio” e muito emocionado.

Entre as recordações de Maria da Conceição Piçarra está a amizade que D. Maurílio de Gouveia nutria pelo seu pai, o diretor de um jornal da cidade.

“Um homem aberto, dialogante, feliz”

Os sinos anunciaram a chegada. Eram 19h30. À espera, dezenas de pessoas no adro da catedral, lá dentro outras tantas dezenas aguardavam para o inicio das celebrações fúnebres.

Os restos mortais de D. Maurílio de Gouveia foram transportados para o interior da Sé, em mãos, por sacerdotes e diáconos, na presença de D. Francisco Senra Coelho, arcebispo de Évora, também ele vindo da Madeira.

Depois das Vésperas, uma Eucaristia presidida pelo vigário geral da arquidiocese. Na homília, o cónego Eduardo Pereira da Silva enalteceu as qualidades de D. Maurílio de Gouveia, como homem e, sobretudo, como Pastor.

“Durante 27 anos percorreu a diocese e não houve canto que não visitasse. Foi à casa das pessoas, visitou os doentes, foi um homem de fé, um homem feliz que se entregou totalmente à missão de Pastor. É um exemplo de doação e de entrega”, salientou o vigário geral.

Nas palavras do cónego Eduardo, o arcebispo emérito de Évora foi um homem de visão, “aberto, dialogante” e, de certa forma, à frente do seu tempo.

“Iniciou, diria, uma nova forma de ser bispo, pós-concilio. Felizmente, hoje já estamos a viver esta forma de estar, de ser bispo, que é, no fundo, o testemunho cristão”, acrescentou.

Esta sexta-feira, às 10h00, são rezadas Laudes na catedral, estando a missa exequial marcada para 15 horas. Segue-se o cortejo fúnebre para a Igreja do Espírito Santo, de Évora, onde decorre a encomendação e a sepultura dos restos mortais de D. Maurílio de Gouveia, no Panteão dos Arcebispos.

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