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Papa inaugura ‘Scholas Ocurrentes’ em Cascais

21 mar, 2019 - 22:09 • Eccl

Francisco apoia este projeto e as instalações foram cedidas pela Câmara Municipal de Cascais.

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O Papa Francisco inaugurou esta quinta-feira, em videoconferência, desde o Vaticano, a sede portuguesa da fundação pontifícia ‘Scholas Ocurrentes’, um projeto de Educação que conta com o seu apoio pessoal.

As instalações foram cedidas pela Câmara Municipal de Cascais, que assinou esta tarde um acordo com ‘Scholas’, através do seu vice-presidente, Miguel Pinto Luz; o autarca viajou acompanhado pelo pároco local, padre Nuno Coelho, e por Marco Espinheira, “diretor do futuro” do Município português.

A fundação tem a sua sede na antiga escola Conde Ferreira, no centro histórico de Cascais.

O Papa entrou em ligação, desde o Palácio de São Calisto, numa videoconferência assinalada por várias salvas de palmas, na nova sede em Portugal, onde se reuniram dezenas de pessoas, incluindo Pedro Mota Soares, presidente da Assembleia Municipal de Cascais.

O responsável saudou Francisco, falando do “orgulho” de receber um projeto que atravessou o Atlântico, com “jovens tão ligados”.

“É um enorme júbilo e um enorme orgulho ter este projeto”, acrescentou, acompanhado por Joana Balsemão, vereadora do Município.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, a responsável pelos setores da Cidadania e Participação na autarquia de Cascais salientou o “agrado” em acolher a sede nacional do projeto em Cascais, cuja metodologia vai ao encontro da filosofia defendida por aquele Executivo, ou seja, “tudo começa nas pessoas e neste caso nos jovens”.

“É um projeto que através desta metodologia vem buscar dentro de cada jovem o melhor que há em si. Ao final de uma jornada de Scholas Cidadania, os jovens sentem que foram ouvidos, que são úteis e chamados a ter uma opinião sobre quais é que são os principais problemas da sua sociedade, da sua geração, são chamados a procurar soluções, e sentem-se empoderados. É um processo de transformação e é a partir daqui de Cascais que queremos ajudar muito, a Fundação Scholas, a criar vagas de transformação por todos os jovens do país”, realçou aquela responsável.

Pedro Mota Soares, antigo ministro que atualmente preside à Assembleia Municipal da autarquia de Cascais, sublinhou por seu lado a importância de Portugal receber mais um projeto ligado aos jovens, depois de já se saber que vai acolher em 2022 a Jornada Mundial da Juventude.

“É uma honra para Portugal e é mais uma marca para acreditarmos que podemos ter uma sociedade melhor, que o dia de amanhã pode ser melhor, que podemos ser jovens melhores, e isso para muito também pela cultura dos valores, pela transmissão de valores. E nesse sentido, projetos como o Scholas, o facto de recebermos também aqui em Portugal a Jornada Mundial da Juventude, são passos no sentido certo”, considerou.

Um dos jovens presentes na sala, Guilherme, participou na edição da “Escola de Cidadania” em Cascais, de 17 a 26 de outubro de 2018, e falou ao Papa de uma experiência que o transformou e o tornou uma pessoa mais “positiva”.

“Foi só uma semana, mas ajudou-me a mudar imensos aspetos em mim mesmo”, assinalou.

Já a jovem Matilde falou do mural criado para esta ocasião, que simboliza a sociedade, sufocada pela tentação, a indiferença perante o planeta, e a voz dos jovens, “que não é muito ouvida”.

“Nós queremos falar, nós queremos mudar, porque podemos ser jovens, mas temos muito poder, também”, disse a Francisco.

O Papa, por sua vez, apelou à “criatividade”, no contacto entre várias instituições, que “faz o mundo avançar”.

O pontífice apresentou o ‘Scholas’ como um projeto que “semeia criatividade” e procura “despertar a comunidade com as suas próprias lideranças”, sem procurá-las fora dela.

“Começaram a crescer coisas que ninguém esperava, porque os jovens querem propostas como estas”, sustentou.

Francisco evocou a capacidade de mobilização das novas gerações, como aconteceu na recente greve estudantil pelo clima, para afirmar que “os jovens têm um potencial inimaginável” e são “o agora, o hoje”, não um “entretanto”, à espera do futuro.

“Os jovens são o agora e expressar-se agora, positivamente, com criatividade. Só o protesto não chega”, apelou.

A intervenção sublinhou a importância do diálogo entre gerações, que ajude os mais novos a “criar raízes”.

Julian de Marcos, um jovem argentino e por isso conterrâneo do Papa Francisco, é quem vai ficar a coordenar o projeto das ‘Scholas Ocurrentes’ em Portugal e frisou a versatilidade de um projeto que “procura chamar jovens de realidades distintas, de diferentes contextos socioeconómicos, também ligados ou não à fé católica ou a outra religião, para partilharem os seus problemas e procurarem soluções para esses desafios”.

“Para que partilhando as suas ideias, criando, os jovens possam participar mais ativamente na sociedade e serem o ‘agora’, como disse aqui o Papa Francisco, não só o futuro mas o presente das suas comunidades”, acrescentou Julian, que chegou a Portugal há cerca de um ano e foi morar para a região da Ericeira.

Ligado à área das línguas, da tradução, a altura nunca pensou que pudesse ser convidado para participar num projeto deste género, que lhe permitiu também agora falar com o Papa.

“Falar hoje com o Papa, nunca pensei que isso fosse acontecer na minha vida e sendo eu também argentino…”, referiu o jovem, que espera agora que o projeto Scholas possa criar raízes em Portugal e chegar “um pouco por todo o país”.

Durante a cerimónia foi inaugurado o ‘Hub Tecnológico Scholas’, no Panamá, e um programa dedicado à informática, com foco na ética e na promoção da paz.

A iniciativa ‘Programando pela paz’ quer oferecer a milhões de jovens a oportunidade de uma formação em informática, orientando as novas gerações para a tecnologia como ferramenta de inclusão.

Três estudantes, da China, da República Dominicana e Chile, falaram da sua experiência no campo da programação, antes de pedirem ao Papa que escrevesse uma linha de código para lançar uma aplicação dedicada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Francisco inaugurou a sede das ‘Scholas’ na Roménia, país que vai visitar em 2019, e abençoou um novo espaço, na Itália, para acompanhamento de jovens e crianças que se tentaram suicidar e que foram vítimas de bullying, falando com os 57 utentes do projeto.

A sessão contou com uma apresentação das atividades da fundação em Moçambique e do projeto “GUTSAKISANA”, no Tofo, localidade costeira, com a presença de Sónia, moçambicana de 40 anos, a qual falou do seu trabalho com crianças, no restaurante de que é dona.

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