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App +Acesso Para Todos recebe cada vez mais queixas. Objetivo é que deixe de ser necessária

18 mar, 2019 - 18:12 • Filomena Barros

Associação Salvador ressalta que Portugal está longe de ser acessível para todos.

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Desde que foi criada em 2018 pela Associação Salvador, a aplicação +Acesso Para Todos viu aumentar para o dobro o número de reclamações que recebe sobre locais com falta de acessibilidade para pessoas portadoras de deficiência motora.

“Já vamos com quase 3 mil avaliações e mais de 700 reclamações”, afirma à Renascença Joana Gorgueira, gestora de projetos. Quanto a utilizadores, são neste momento cerca de 2.100 pessoas com ou sem deficiência. O que queremos, ressalta a responsável, "é que todas as pessoas utilizem esta aplicação”.

A iniciativa surgiu na sequência de outras acções realizadas pela Associação Salvador, que apesar de trabalhar “há 15 anos na área da deficiência motora", com "imensas campanhas de sensibilização", se apercebeu que "as coisas têm mudado muito devagar".

Surgiu então a ideia de se criar uma aplicação que, depois de descarregada, permite que qualquer pessoa, sempre que vai a um sítio, “seja um restaurante, uma farmácia ou uma escola", pesquise se esse sítio é ou não acessível a quem se desloca de cadeira de rodas, a quem estiver com um carrinho de bebé ou a quem tenha mobilidade reduzida, como as pessoas idosas.

E como se faz a classificação da acessibilidade? “Basta dizer se a pessoa pode entrar sem qualquer ajuda. E depois há quatro itens, muito simples, que são: casa de banho adaptada, estacionamento reservado, entrada sem impedimentos e circulação interna sem impedimentos”.

A aplicação permite ainda ao utilizador dar avaliação negativa ao espaço e apresentar uma queixa, reclamação essa que “segue depois para as entidades responsáveis pela fiscalização, o Instituto Nacional para a Reabilitação e as Câmaras Municipais”. Com isto, é possível "fazer uma reclamação oficial em menos de um minuto”, destaca Joana Gorgueira.

Carlos Nogueira, 51 anos, técnico social na Câmara Municipal de Lisboa, reconhece que um dos problemas diários é o estacionamento, por falta de lugares e por ocupação indevida. À Renascença, queixa-se da falta de fiscalização e diz-se “desrespeitado, quase agredido, na atitude que o Estado ainda vai tendo com estas questões”.

Para portadores de deficiência, sair à rua pode ser, desde logo, um problema, a começar pela calçada portuguesa. Esse é um dos motivos de maior registo na app. Mas como podem os utilizadores apresentar reclamações? Basta "procurar a rua na lupa, é muito simples, e nessa rua depois classificar no comentário quando há um problema qualquer ao nível da calçada que exige uma intervenção. Assim se mostra a falta de acessibilidades daquela rua", exemplifica Joana Gorgueira.

O objetivo, no limite, é que pessoas como Carlos Nogueira possam poder escolher livremente para onde ir e que deixe de ser necessária a existência desta app. Mas para já ainda não é possível.

Para a Associação Salvador, Portugal ainda está longe de ser acessível para todos.

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