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Seia aposta na adoção de animais. "Todos os dias vêm cá entregar cães, não temos onde os pôr”

20 fev, 2019 - 10:30 • Liliana Carona

Lei que proíbe abates nos canis fez diminuir a capacidade de recolha de animais errantes. Município de Seia aposta nas campanhas de adoção, com resultados positivos. A próxima decorre na Feira do Queijo.

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Leão, um cão da raça serra da Estrela, pelo macio, cor bege, já vai ao colo do pastor Joaquim Amaral, 66 anos. “Leva-o agora e depois vem cá vaciná-lo e por o chip”, alerta José Silva, responsável do canil/gatil de Seia, enquanto abraça a Mica. “Foi uma cadela que atiraram ali pelo muro, agora é a nossa mascote”.

As adoções constituem finais felizes que libertam algumas das 70 boxes disponíveis, mas quase sempre ocupadas. “Não temos onde os pôr, com esta lei do não abate, vai ser uma complicação”, assume Carlos Ferreira, há 20 anos que é veterinário municipal em Seia.

“Não há nenhum médico veterinário que goste de eutanasiar, mas se não eutanasiarmos os mais idosos, que tenham alguns problemas, que não sejam adotáveis, não há lugar para os outros que apanhamos, não sei como se vai resolver essa situação”, até porque, revela “todos os dias vêm cá entregar cães, cada vez apanhamos menos cães na rua, porque, não temos onde os pôr”, lamenta o veterinário, preocupado com o abandono crescente de animais.

“Abandonam-se cães com uma facilidade enorme, pessoas de qualquer classe social, às vezes pensa-se que são pessoas de baixa classe social, mas olhe que não”, realça.

Desde setembro do ano passado que não é permitido abater os animais dos canis e gatis, por motivos de sobrelotação do espaço.

O canil de Seia, criado há dez anos, recebe os animais de outros dois municípios. O Governo anunciou no ano passado um milhão de euros para a construção e a requalificação de centros de recolha oficial de animais errantes, mas o que é certo é que Gouveia e Oliveira do Hospital continuam sem ter canis municipais.

Os animais destas duas localidades são transportados para Seia, através de protolocos celebrados, há cinco anos. Situação que não agrada ao veterinário municipal de Seia. “Não me parece boa ideia. Já alertei o executivo diversas vezes. Nós não temos sequer espaço para nós. Gouveia e Seia tinham que ter canil próprio, ou então um canil intermunicipal mas com maior capacidade”, defende Carlos Ferreira.

“Não foi uma questão de vantagem, foi a possibilidade de podermos ajudar os municípios vizinhos”, salienta o vereador Luciano Ribeiro.

Os relatórios mensais e anuais dos números do centro de recolha oficial são enviados à Direção-Geral de Alimentação e Veterinária. Os números comprovam que as eutanásias são residuais, demonstra Luciano Ribeiro, vereador responsável pela saúde animal, do município de Seia.

Em 2017, de 208 animais, 124 foram adotados, e registaram-se 9 eutanásias. Em 2018, 140 animais entraram neste centro de recolha, 93 foram adotados, e seis foram eutanasiados, acidentados sobretudo.

Com taxas de ocupação quase sempre perto do limite, o caminho passa pela adoção. Estes cachorros podem ser adotados na Feira do Queijo que vai decorrer de 2 a 5 de março, em Seia.

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