17 fev, 2019 - 19:36 • João Carlos Malta
Jorge Jesus está de regresso a Portugal e já respondeu às acusações do ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho: "Não preciso de escrever livros para sobreviver, continuo a trabalhar naquilo que sei". O treinador chegou a Portugal este domingo vindo da Arábia Saudita, depois de ter rescindido contrato com o Al -Hilal.
Quando instado a falar sobre a relação com Bruno de Carvalho, o ex-treinador do Al-Hilal até começou por dizer: "Respeito muito o futebol". "Não é o momento para falar", acrescentou. Mas espicaçado pelos jornalistas, logo disparou: "Se eu falar da minha passagem no Sporting escrevo vinte livros". Logo de seguida, o técnico que passou três anos em Alvalade sugeriu que Bruno de Carvalho publica livros por necessidades financeiras.
No livro "Sem Filtro", apresentado esta semana, Bruno de Carvalho volta a relacionar Jesus com a rebelião no plantel contra ele, e revela que Jesus era "um homem cada vez mais agressivo na segunda e na terceira época. Chegava quase a ser insuportável".
"Estava a desgastar toda a gente e começou a arruinar a nossa confiança no seu trabalho", lê-se em "Sem Filtro".
Jesus diz agora que hoje seria "impensável" assinar pelo Sporting sabendo o que sabe sobre o ex-presidente leonino. BdC também já disse que Jesus foi um dos maiores erros que cometeu.
O ex-treinador do Al-Hilal garante que não se irá defender das acusações de Bruno de Carvalho, uma das quais é de que ele interveio para inflacionar o preço de jogadores que ingressaram no Sporting, porque "tenho uma história", "quero tranquilidade".
Benfica e Félix "uma mistura de Kaká com Rui Costa"
Jesus garante que não tem acordo com nenhuma equipa portuguesa. Sobre o Benfica, o treinador disse estar "surpreendido com o um jogador que vai ser uma referência do futebol português". O seu nome é João Félix.
"É uma mistura de Rui Costa e Kaká", sintetizou. Mas ainda assim teve tempo para dizer que Félix ainda tem de "aprender alguns movimentos técnico-táticos".
Sobre o atual momento do Benfica, Jesus disse que não foram os encarnados a recuperar pontos. "Foi o FC Porto que perdeu".
A vitória das águias em Istambul também não impressionou Jesus. Diz que o Galatasaray não é equipa para aferir a capacidade deste Benfica para repetir o que ele conseguiu por duas vezes: chegar a final da Liga Europa.
"Não gostei das declarações de Varandas"
Convidado a comparar este Sporting com o que treinou, Jesus rodeou o tema até dizer: "Estávamos em segundo a dois ou três do Porto, as equipas vêem-se pelo momento.
Sobre o atual presidente dos leões, Frederico Varandas, Jesus diz que foram "três anos" juntos. "Uma relação muito boa". Mas logo de seguida disse: "Não gostei de algumas declarações que ele fez sobre mim". "Eu não sou mais um", acrescentou.
Varandas afirmou, em entrevista à RTP há duas semanas, que "Jorge Jesus faz parte do passado".
Elogio árabe
Jesus garante que saiu do Al-Hilal porque os dirigentes mudaram e porque quem entrou queria ter a garantia de que ele ficava até outubro, algo que o treinador português não podia fazer. Ainda assim auto-elogiou o seu trabalho: "Formámos uma equipa muito forte, em Portugal lutaríamos para ser campeões".
"Foi pena não ter chegado a maio que era o que queria", confessou.
O treinador fez ainda um elogio ao futebol saudita que considera pujante: estádios com 40/50/60 mil pessoas; e contratações de 20 milhões de euros.
Sobre o futuro, ainda incerto, Jesus disse que "estão a fazer tudo para que possa ter algo importante na Arábia Saudita". O trabalho numa academia de futebol com responsabilidades na estruturação do futebol do país seria o cenário mais provável.