15 fev, 2019 - 20:45 • Inês Braga Sampaio
O presidente da Associação de Futebol do Porto (AFP) critica a chefia da Polícia de Segurança Pública (PSP), pela decisão de, a partir de março, deixar de fazer policiamento aos jogos de todos os escalões da associação, exceto nos encontros considerados de risco elevado.
A PSP alega que os campos não estão em condições e que, face ao facto de os jogos não serem de risco elevado, não se justifica policiamento.
Em entrevista a Bola Branca, Lourenço Pinto afirma que a primeira razão dada é "uma aberração total", porque, se os campos não estavam previamente em condições, "seria a própria PSP a dar segurança sem ser solicitada". A segunda razão é "um erro muito grande", porque a lei não fala de risco elevado: "Fala apenas de risco e o risco elevado é só para a questão da contingentação, logo são duas justificações falaciosas."
Lourenço Pinto alerta que esta decisão da PSP é perigosa para os jogadores mais jovens e pode levar ao adiamento de jogos "em grande quantidade". O presidente da AFP apela ao Estado para que ajude reverter a situação, provocada por "uma interpretação dúbia que não está de acordo com os ditames da lei", de forma a "manter a estabilidade".
"Temos mais de 30 mil atletas a disputar jogos semanalmente e temos mais de 1.100 jogos. É importantíssimo e merece segurança e proteção. Estas situações são incompreensíveis e devem ser revertidas. Isso mesmo já fizemos notar ao comando local da PSP, que apesar disso mantém esta situação. Mas aguardemos que as situações sejam revertidas e aguardemos que a intervenção do secretário de Estado, do presidente da Federação, da Administração Interna, em conjunto com a Assembleia da República, possa reverter a situação", deseja.
Estado tem descurado dos seus deveres
Lourenço Pinto também aponta o dedo ao Estado, que se tem "demitido muitas vezes da formação desportiva da juventude", deixando essa tarefa nas mãos dos clubes. "E isso é tarefa do Governo", assinala.
"Mas se [o Governo] não o faz totalmente, tem no mínimo de proceder à segurança das pessoas. A sociedade pode não controlar e as crianças não podem pagar essa falta de controlo de uma sociedade em evolução negativa. O Estado, através das forças de segurança, tem de dar essa garantia para que tudo corra com normalidade", acrescenta.
O presidente da Associação de Futebol do Porto refuta, ainda, a teoria de que "não há verbas no Estado para pagar o policiamento".
"Não é verdade, porque não é pago pelo estado. Desprezar a proteção da juventude é o maior erro que um Estado de direito pode cometer. Espero que isso não seja transferido para o Estado português", avisa.