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Explicador Renascença

Quem é o jovem português que incentivava e coordenava massacres online?

03 mai, 2024 - 19:15 • Anabela Góis

O jovem criou e coordenava um grupo na aplicação Discord, onde estavam pessoas que defendiam os mesmos ideais e que pretendiam cometer atos semelhantes aos idealizados e propagados pelo adolescente, agora detido.

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Quem é o jovem português que incentivava e coordenava massacres no Brasil online?
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Um jovem de 17 anos foi detido esta quinta-feira pela Polícia Judiciária, depois de alegadamente incentivar e coordenar massacres, no Brasil.

Este jovem está, entretanto, esta tarde a ser ouvido em primeiro interrogatório judicial , no Campus da Justiça, em Lisboa.

O Explicador Renascença esclarece.

É suspeito de que crimes?

Desde logo, as autoridades acreditam que o adolescente, de 17 anos, é o autor moral do ataque cometido por outro menor numa escola em S. Paulo, no Brasil, que, em outubro do ano passado, vitimou mortalmente uma estudante e fez ainda três feridos.

Como é que coordenou um ataque do outro lado do Atlântico?

Através da Internet. O jovem criou e coordenava um grupo na aplicação Discord, onde estavam pessoas que defendiam os mesmos ideais e que pretendiam cometer atos semelhantes aos idealizados e propagados pelo adolescente, agora detido.

Entre os atos que ele defendia, estão a automutilação grave de jovens, mutilação e morte de animais, ataques nas escolas. Ações que seriam filmada para depois partilhar no grupo.

Através da plataforma Discord, o jovem também difundia propaganda extremista nazi e partilhava e vendia pornografia infantil.

Segundo a Polícia Judiciária, através de um ideário particularmente violento e extremista, este adolescente prestava conselhos quanto ao modus operandi e indumentária a envergar aquando da preparação e prática dos crimes.

Até que ponto convencia jovens?

A Judiciária conseguiu apurar que estes comportamentos foram partilhados no grupo, com transmissões ao vivo de agressões contra animais, de jovens a beber detergente e a auto mutilarem-se com objetos cortantes.

Inclusive, o menor que fez o ataque no Brasil, partilhou imagens da arma e do gorro que iria utilizar, bem como da escola onde o crime iria ocorrer. Todas estas imagens eram partilhadas pelo suspeito.

Como é que a PJ chegou até este rapaz?

Foi na sequência de um pedido de ajuda da Polícia Federal do Brasil, feito em dezembro do ano passado. A partir daqui iniciou-se a investigação para encontrar o jovem.

De acordo com aquilo que o Diretor Nacional da Polícia Judiciária disse aos jornalistas, foi como procurar uma agulha no palheiro. O trabalho foi muito moroso e contou com cooperação internacional e ajuda das plataformas, que não estão interessadas em espalhar mensagens de ódio.

Luís Neves disse ainda que a detenção do jovem foi a tempo de travar outro crime que estava a ser preparado.

Também no Brasil?

Sim, estaria a ser programado, pelo grupo liderado pelo português, um homicídio de um mendigo. As imagens do crime seriam partilhadas online e cada indivíduo pagaria um determinado valor.

Depois do ataque na escola no Brasil, o suspeito recrutou outros três jovens e seguiram-se tentativas de ataques armados, com o objetivo de matar estudantes e professores, em momentos diferentes.

Estas tentativas acabaram travadas pelas autoridades brasileiras que foram alertadas para as combinações feitas na Internet.

Quem é este jovem?

Não foi divulgada muita informação. Sabe-se que tem 17 anos. Foi detido ontem pela Judiciária na zona norte do país.

A comunicação social tem estado a avançar que residia em Santa Maria da Feira, os pais estão separados e a guarda do menor era conjunta. Segundo o Diretor Nacional da Polícia Judiciária, a família foi totalmente surpreendida.

O adolescente é suspeito dos crimes de homicídio qualificado, ofensas à integridade física qualificada, discriminação e incitamento ao ódio e à violência. A estes crimes, acresce, ainda, a prática de crimes de pornografia de menores.

Comentários
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  • José Carlos Fonseca
    04 mai, 2024 Viseu 15:46
    Isto é o que dá quando as redes sociais não são verdadeiramente controladas, fazem o que querem sem ninguém a controlar.

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