Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Jorge Lacão acusa Marcelo de condicionar debate sobre estatuto do MP

19 dez, 2018 - 11:44 • Lusa

Em dois dias seguidos, o Presidente da República fez declarações sobre o assunto.

A+ / A-

O deputado socialista Jorge Lacão acusou o Presidente da República de condicionar o debate político em torno do novo estatuto do Ministério Público, em apreciação no parlamento, ao anunciar, por antecipação, um veto a um diploma que desconhece.

Num artigo de opinião publicado no jornal “Público”, Jorge Lacão considera "paradoxal que o Presidente da República se comprometa agora em condicionar o debate político em torno do novo Estatuto do Ministério Público, em apreciação na Assembleia da República na base de uma proposta de lei do Governo".

Lembra as vezes em que o "Presidente da República diz não comentar um assunto por o mesmo se encontrar em processo legislativo e ainda não ter chegado, por isso, a tempo de se pronunciar. Porque não foi assim desta vez?".

Referindo o deputado socialista e vice-presidente da Assembleia da República que, em consonância com o seu grupo parlamentar, entende que "o princípio da autonomia do Ministério Público supõe uma composição do seu conselho [Conselho Superior do Ministério Público - CSMP] de forma que os seus magistrados não estejam aí em minoria", Lacão destaca que a título pessoal defende que "a ponderação do equilíbrio final não pode ser tabu imposto por quem quer que seja".

Em dois dias seguidos, em 13 e 14 de dezembro, Marcelo Rebelo de Sousa fez declarações sobre o assunto.

Primeiro, a propósito do aviso de greve do Sindicato dos Magistrados do MP: "O Ministério Público, pela Constituição, tem autonomia. Isso é indiscutível, não pode estar em discussão nunca. Essa autonomia significa nomeadamente autonomia numa das tarefas fundamentais do Ministério Público que é o combate à corrupção, uma prioridade nacional", declarou aos jornalistas Marcelo Rebelo de Sousa.

Seguidamente, no dia 14, o Presidente da República considerou inoportuno alterar neste momento a composição do Conselho Superior do Ministério Público e salientou que, embora isso não exija revisão constitucional, exige a sua promulgação. "A mera alteração da composição não exige revisão constitucional, exige que o Presidente promulgue. E ficou patente eu ter considerado inoportuna essa questão neste momento", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas.

Hoje, o deputado Jorge Lacão insiste num aspeto que diz ser decisivo - "o Presidente da República deixou finalmente claro o seu propósito ao anunciar, por antecipação, o veto a um diploma cujas eventuais alterações de todo desconhece mas em que colocou o foco num único ponto: inviabilizar qualquer eventual alteração da composição do CSMP".

A discussão em torno da composição do CSMP já suscitou uma tomada de posição da parte da procuradora-geral da República, Lucília Gago, que defendeu na segunda-feira que qualquer alteração à composição do CSMP seria uma "grave violação do princípio da autonomia", assumindo que a sua permanência no cargo poderia ficar em causa, se avançassem as alterações.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • F. Almeida
    20 dez, 2018 Porto 00:00
    E' tranquilizador quando num pais como o nosso se vislumbra alguém atento...

Destaques V+