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Plano de mobilidade do Tua arranca no próximo verão

14 dez, 2018 - 12:00 • Olímpia Mairos

O comboio regressa à região. A ele juntam-se barcos para passeios na nova albufeira da barragem, entre a Brunheda e o Tua.

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Após dois anos de impasse, aponta-se agora o verão do próximo ano como a data para o arranque do Plano de Mobilidade Turística e Quotidiana do vale do Tua.

A implementação de um plano de mobilidade, capaz de criar uma oferta turística de qualidade e garantir a mobilidade quotidiana das populações, é uma das principais contrapartidas pela construção do empreendimento hidroelétrico de Foz Tua e contempla um investimento na ordem dos 15 milhões de euros.

É composto pelos percursos que estabelecem a ligação entre a Estação Ferroviária do Tua e Mirandela-Carvalhais, combinando o troço rodoviário entre a Estação Ferroviária do Tua e a barragem, num percurso de cerca de 4 km, o troço fluvial entre o cais da barragem e o cais da Brunheda, num percurso de 19,1 km e o troço ferroviário entre Brunheda e Mirandela, numa extensão de 39,2 km.

Os equipamentos turísticos, como um comboio e os barcos, estão prontos para começar a operar, mas há quase dois anos que se aguarda pela autorização oficial.

“Foram dados passos muito importantes nestes últimos tempos, no que toca ao plano de mobilidade do Vale do Tua. Os estudos e os projetos de execução estão concluídos e foi constituído, no início de novembro, um comité de seguimento de acompanhamento que é coordenado pela Secretaria de Estado das Infraestruturas, para congregar e juntar vontades de todos os intervenientes para ver se o processo não derrapa mais e finalmente avança”, afirma o presidente da Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua, José Paredes.

“As obras deverão arrancar até ao início do ano. O plano de mobilidade, tudo faremos para que inicie no início do próximo verão”, acrescenta.

Além das intervenções já feitas na desativada linha do Tua, vai ser remodelada a linha e consolidados taludes e sustentação de blocos. As obras vão custar cerca de 3,6 milhões de euros, tendo já sido investidos 11 milhões no sistema multimodal de mobilidade.

Trabalhar com instituições que são verdadeiros impérios, não é fácil

Confrontado com a demora no arranque do plano de mobilidade, previsto para avançar há mais de dois anos, José Paredes admite que foi prematuro o anúncio do arranque das obras. “Trabalhar com instituições que são verdadeiros impérios, como a IP e o IMT, não é fácil. Só sentando-nos todos à mesa é que nos conseguimos entender. A fase de arranque das obras foi anunciada prematuramente, mas, agora, garanto que vai acontecer”, observa.

Já a presidente da Câmara de Mirandela, Júlia Rodrigues, refere que apenas agora estão assegurados todos os pressupostos para a conclusão do projeto, admitindo que houve muita demora nos vários processos.

“Reconheço que houve algum lapso de tempo excessivo para as tomadas de decisão. Mas acredito que os passos que têm sido dados pelos intervenientes têm sido valiosos no cumprimento de regras de segurança e o interesse fundamental de todos é que a linha e a mobilidade arranquem com a confiança de que é um transporte seguro”, sublinha.

A Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua (ADRVT), constituída pelos municípios de Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Vila Flor e Murça e pela EDP é responsável por projetos considerados estruturantes para o desenvolvimento destes cinco concelhos da área de influência da barragem e é a concessionária do plano de mobilidade que foi subconcessionado ao operador dos barcos do Douro, Mário Ferreira.

O plano envolve também a Infraestruturas de Portugal (IP), proprietária da linha, e o Instituto de Mobilidade Terrestre (IMT) e todas estão agora articuladas num comité constituído, em novembro, e supervisionado pela secretaria de Estado dos Transportes.

Metro de Miranda para segunda-feira

O metro de Mirandela vai parar a partir de segunda-feira, para que possam realizar-se as intervenções finais do Plano de Mobilidade do Tua. A presidente da Câmara Municipal de Mirandela, Júlia Rodrigues, explica que a alternativa passará pelo transporte rodoviário das populações, mantendo os mesmos horários do metro.

“Vamos fazer o transporte e a mobilidade quotidiana em transporte rodoviário entre Carvalhais-Mirandela e Mirandela-Cachão, porque vão ser necessários melhoramentos na linha e também chegamos ao limite das próprias carruagens do metro ligeiro de Mirandela. O que queremos assegurar é que estejam reunidas as condições para que as equipas de manutenção possam trabalhar e que esteja tudo a postos para que no início do verão arranque este plano de mobilidade do Tua”, esclarece a autarca.

Segundo a autarca de Mirandela os transportes municipais irão assegurar às populações o percurso feito pelo metro até estar no terreno o plano de mobilidade. Depois a Metro de Mirandela, que tem uma participação de 10% da CP, será dissolvida e as duas composições, bem como os quatro funcionários, devem passar para a alçada do operador privado, para garantir a mobilidade quotidiana.

“Aquilo que é previsível é que as carruagens que estão afetas ao metro ligeiro de Mirandela, que já estão no limite da quilometragem possível, passem para a gestão do operador privado e que sirvam para a mobilidade quotidiana. O que posso assegurar é que neste momento vão parar na perspetiva de termos depois a operação do operador privado que trabalha com a agência”, refere a autarca mirandelense.

Até o plano de mobilidade entrar em vigor haverá transportes rodoviários alternativos, garantidos pela CP, no percurso entre o Cachão e o Tua.

O plano de mobilidade contempla a exploração turística da nova albufeira que resultou da construção da barragem, o regresso do comboio à Linha do Tua e a mobilidade quotidiana das populações ribeirinhas. Toda a operação ficará a cargo do operador privado e deverá estar no terreno no verão do próximo ano.

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