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Se Theresa May não sobreviver à moção de censura, quem pode tomar o seu lugar?

12 dez, 2018 - 14:31

Se May cair, Partido Conservador pode manter-se no poder, sem eleições antecipadas, e há sete potenciais sucessores.

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Se o atual Governo britânico colapsar esta quarta-feira na sequência da moção de censura que Theresa May enfrenta, tanto os deputados conservadores como os trabalhistas podem tentar formar um novo Governo sem eleições antecipadas.

O executivo que surgir terá 14 dias a contar da data de formação para obter o aval de uma maioria dos membros da Câmara dos Comuns. Caso não o consiga, serão convocadas eleições antecipadas.

O processo começa com a votação da moção esta quarta-feira às 18h, um voto interno do Partido Conservador que, na prática, funciona como um referendo à primeira-ministra.

Se uma maioria qualificada dos deputados do partido votar contra ela, estes são os sete conservadores que poderão assumir o leme do Governo, segundo o diário "The Guardian".

Dominic Raab, ex-ministro do Brexit

Entre os eurocéticos que defendem uma saída da União Europeia sem concessões, pode dizer-se que Raab é aquele que está mais bem colocado para substituir Theresa May. Tem mais credibilidade entre os conservadores anti-UE do que o seu antecessor, David Davis, "porque teve uma relação mais ativa com Bruxelas" durante as negociações do Brexit.

Oficialmente, Raab ainda não se apresentou publicamente como alternativa à primeira-ministra e, como vários dos seus rivais, acredita que não terá vantagens em fazê-lo. Tem currículo provado enquanto verdadeiro crente na retirada do Reino Unido da UE. Contudo, é visto por uma ala de deputados conservadores mais velhos como tendo menos experiência que outros veteranos da política britânica.

Boris Johnson, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros

Um dos precursores da campanha pela saída, o antigo autarca de Londres e ex-chefe da diplomacia no Governo de May continua a defender publicamente que o que tem de mudar são as políticas, não o chefe de Governo. Contudo, é quase certo que se candidatará ao lugar de May e que vários membros do partido apoiá-lo-ão.

O reverso da medalha é que alguns deputados do partido que são pró-União Europeia já garantiram que nunca aceitariam tal coisa, anunciando em momentos anteriores de crise política que, se Boris Johnson for primeiro-ministro, abandonam imediatamente o Partido Conservador.

Michael Gove, ministro do Ambiente

O antigo ministro da Educação e ex-ministro da Justiça, que May convidou para tutelar o Ambiente depois das eleições antecipadas de 2017, conta com uma dedicada e abrangente base de apoio no Parlamento, incluindo de europeístas como Nicky Morgan e de defensores do Brexit como Nick Boles.

Aponta o "The Guardian" que "muitos dos seus aliados e conselheiros ter-lhe-ão dito para se demitir do executivo" mas que ele decidiu ficar para tentar mudar as coisas a partir de dentro.

Tido como um político sério e dedicado, as suas hipóteses de ser escolhido para suceder a Theresa May vão depender da opinião dos deputados sobre a sua aparente lealdade à primeira-ministra.

Amber Rudd, ministra do Trabalho

Depois de ter abandonado a pasta da Administração Interna em abril deste ano, Rudd foi convidada por May há um mês para ser ministra do Trabalho e das Pensões. É tida como a verdadeira favorita dos conservadores anti-Brexit e dos deputados do partido que apoiam uma saída mais suave e com mais concessões em troca de garantias da UE.

Contudo, e apesar dessa popularidade, tem várias coisas a jogar contra si, a começar pelos seus falhanços enquanto ministra da Administração Interna, que a tornam um alvo fácil para o resto dos deputados.

Jeremy Hunt, ministro dos Negócios Estrangeiros

O responsável pelas relações externas do Reino Unido é descrito como um homem "ambicioso" e ansioso por tomar o lugar de May, que deverá angariar grandes apoios entre a ala do partido que é favorável à saída da União Europeia.

Apesar de ter votado contra o Brexit, quando passou a integrar o Governo britânico tornou-se num dos grandes defensores da saída e assinou algumas das intervenções mais fortes dos sucessivos Conselhos de Ministros que May foi convocando para manter o Governo a par das negociações com Bruxelas.

A imprensa britânica aponta a sua capacidade espantosa de sobreviver a escândalos, incluindo uma série de greves no Serviço Nacional de Saúde durante um rigoroso inverno quando era ministro da Saúde.

Até pode conseguir angariar apoios suficientes para substituir May, mas não está no topo da lista.

Sajid Javid, ministro da Administração Interna

O sucessor de Rudd na pasta dos assuntos internos é outro membro do Governo ambicioso que, tal como Hunt, mudou da barricada pró-UE para o Brexit.

Ex-diretor executivo do Deutsche Bank, diz-se que sempre foi eurocético e que só decidiu apoiar a permanência na UE para agradar ao então chanceler do Tesouro (ministro das Finanças), George Osborne, de quem é uma espécie de afilhado político e protegido.

O "Guardian" ressalva que, tal como Hunt, também Javid não integra o "clube" dos cinco ministros do atual Governo que são fervorosos apoiantes do Brexit. Isso poderá jogar contra ele se se apresentar como potencial substituto de Theresa May.

Penny Mordaunt, secretária de Estado do Desenvolvimento Internacional

A seu favor está o facto de Jacob Rees-Mogg, um dos grandes defensores de uma saída rígida sem concessões, já a ter mencionado como favorita para suceder a May.

Contudo, também ela é olhada com algumas suspeitas por uma parte da ala conservadora que apoia o Brexit e por todos os deputados do partido que são contra a saída.

Uma das suas táticas para conquistar aliados tem sido tentar convencer a primeira-ministra a dar liberdade de voto aos deputados conservadores na votação do acordo final do Brexit. A proposta foi recebida com desagrado pela equipa ministerial mas pode servir para ganhar a confiança de suficientes apoiantes caso se candidate ao lugar de May.

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