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Nunca a História de Portugal recebeu tanto dinheiro da Europa

29 nov, 2018 - 11:00

Maria de Lurdes Rosa, professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, foi distinguida com uma bolsa de 1,6 milhões de euros para estudar a história dos morgadios em Portugal e Europa do sul.

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Quase dois milhões de euros para estudar os morgadios
Quase dois milhões de euros para estudar os morgadios

Nunca em Portugal uma investigação histórica tinha recebido um apoio tão elevado. O Conselho Europeu de Investigação acaba de atribuir 1,6 milhões de euros a Maria de Lurdes Rosa, uma historiadora portuguesa que se dedica ao estudo dos morgados nos séculos XIV ao século XVII, numa perspetiva comparada, em Portugal, no espaço atlântico e nas sociedades da Europa do sul.

Durante os próximos cinco anos, a bolsa vai permitir a contratação de cinco investigadores com a missão de estudar arquivos públicos e privados, dispersos por todo o país, especialmente os que ainda são propriedade de famílias e que nunca foram estudados pelos historiadores.

O projeto tem como tarefa central a constituição de uma enorme base de dados documental, que ficará disponível, em acesso aberto. Aliás, Maria de Lurdes Rosa, que é professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, coordena já o portal Arquivos de Família, que estuda esta documentação no âmbito do inventário histórico, da defesa do património e do impacto social na ciência. É também responsável por uma base de dados que reúne as descrições dos inventários dos arquivos de família

Só 10% das candidaturas são distinguidas

O objetivo do trabalho, iniciado em 2008, é, simultaneamente, realizar estudos históricos a partir do material recolhido de forma a traçar um retrato da organização da sociedade daquela época através dos morgados, uma forma de organização social extinta no século XIX.

Maria de Lurdes Rosa é professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigadora do Instituto de Estudos Medievais. Esta bolsa é a primeira atribuída pelo Conselho Europeu de Investigação a uma cientista portuguesa, na categoria de investigadores com 7 a doze anos de experiência após o doutoramento, na área da História.

Estas bolsas apoiam cientistas de topo, selecionados pelas suas ideias inovadoras e pela qualidade do seu trabalho. O processo de avaliação dura vários meses e só 10 por cento das candidaturas são aprovadas. O Conselho Europeu de Investigação é um organismo criado pela Comissão Europeia para estimular a excelência científica na Europa.

7 mil morgadios à espera de serem descobertos

Entre os séculos XIV e XVII terão sido fundados cerca de sete mil morgados em Portugal continental e nas colónias. O morgado ou morgadio era uma forma institucional e jurídica de base territorial da nobreza. Não podia ser objeto de partilha e era transmitido ao primogénito varão ou, na ausência de um filho, à filha mais velha. Isso permitia perpetuar a linhagem e manter o território íntegro. Só com autorização do rei era possível vender ou trocar parte desses bens, ou extinguir o morgadio.

A instituição de morgados desenvolveu-se a partir do século XIII, mas as leis mais importantes surgiram bastante mais tarde, no século XVI. No século XVIII, começaram a ser vistos como entraves ao desenvolvimento do país e fonte de graves problemas sociais, em boa parte devido ao empobrecimento dos filhos não primogénitos.

Os morgados foram extintos no reinado de D. Luís I, em1863, subsistindo, no entanto, o vínculo da Casa de Bragança, destinado ao herdeiro da Coroa e que viria a perdurar até 1910.

Comentários
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  • otário
    29 nov, 2018 coimbra 12:02
    Nem no jogo da raspadinha me calha um cêntimo ! Esta apostou no número certo e ainda não andou a lotaria do Natal ! Sou um atrasado mental, reconheço, pois nunca tive habilidade para arranjar amigos, pelo contrário ! Esta já tem a vida bem feitinha e viva a rebaldaria! O TUFÃO de há dias deu-me cabo do telhado da casa e eu com 75 anos lá andei conforme pude a comprar telhas e a coloca-las no lugar, pois os bombeiros só tiveram disponibilidade para arranjar os telhados dos ricos e amigos, os outros mandaram-nos fo , mas pedir dinheiro é aos pobres que cravam ! EU SEI QUE SOU VERA, mas não sou da raça de arrear as CALÇAS.

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