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​João Lourenço em Lisboa com preocupações em Luanda

22 nov, 2018 - 06:30 • Eunice Lourenço

Visita de três dias do Presidente angolano inclui um dia no Porto com seminário económico.

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O Presidente de Angola, João Lourenço, chegou esta quarta-feira a Lisboa enquanto em Luanda estava sob ataque da família Eduardo dos Santos. Primeiro, foi o ex-Presidente a fazer declarações, depois Isabel dos Santos a disparar publicações no twitter em que fala mesmo numa “crise política profunda” em Angola a juntar à crise económica.

A família que dominou o poder político e económico angolano respondia assim à entrevista que João Lourenço deu ao semanário Expresso em que criticou a forma como o seu antecessor lhe passou a pasta e disse que sabe bem quem são os traidores da pátria. Na resposta, José Eduardo dos Santos garantiu que não deixou os cofres do Estado vazios e a sua filha escreveu que a situação em Angola está cada vez mais tensa.

Enquanto Isabel dos Santos publicava no twitter, a meio da tarde de quarta-feira, João Lourenço aterrava em Lisboa para uma visita de três dias com que Angola e Portugal pretendem dar mais um sinal de normalização e aprofundamento das relações entre os dois países, que tinham também elas ficado tensas devido ao caso Manuel Vicente, o ex-vice-presidente angolano suspeito de corrupção em Portugal.

Depois da entrega do processo a Angola, o primeiro grande momento de normalização foi a visita a Luanda do primeiro-ministro português, em setembro. Uma visita marcada pela assinatura de acordos para evitar a dupla tributação, para ampliar a linha de apoio às exportações e pelo compromisso angolano de certificar a divida a empresas portuguesas.

Todos esses instrumentos pretendem facilitar e intensificar as relações económicas entre os dois países que também ‘arrefeceram’ nos últimos anos, devido à crise financeira angolana. Portugal já teve cerca de 10 mil empresas a exportar para Angola, um número que diminuiu para metade nos últimos anos.

Honras parlamentares e preocupações agrícolas

A visita de João Lourenço só começa esta quinta-feira, primeiro com as tradicionais honras militares e visita aos Jerónimos, a que se segue apresentação de cumprimentos em Belém e declarações dos dois Presidentes. O almoço é privado, ocasião que Marcelo Rebelo de Sousa aproveita para ter agenda social, visitando uma feira solidária no Centro de Congressos de Lisboa.

À tarde, o Presidente angolano tem direito a sessão solene na Assembleia da República, onde também vão estar o Presidente português e o primeiro-ministro. Desde 2010 que, à exceção do Rei de Espanha, nenhum outro chefe de Estado fala na sala de sessões do Parlamento português. Uma honra decidida a três: o convite foi feito pelo presidente da AR, Ferro Rodrigues, depois de consultar o Governo e a Presidência.

Trata-se de uma decisão política para valorizar ainda mais esta visita do Presidente angolano, que depois do Parlamento segue para a Câmara de Lisboa, onde lhe será entregue a chave da cidade. O fim da tarde tem uma visita mais surpreendente: João Lourenço vai ao Instituto Nacional de Investigação Agrícola e Veterinária, em Oeiras.

Uma visita explicável pelo interesse manifestado pelo Governo angolano na cooperação no sector da Agricultura. Esse foi, aliás, um sector em foco na visita de António Costa a Luanda, onde foi acompanhado pelo ministro da Agricultura, Capoulas Santos.

Angola quer recuperar a sua produção agrícola e, ao mesmo tempo, usar a agricultura para levar pessoas das cidades para os campos. Contudo, desde a Independência e, com os muitos anos de guerra civil, toda a estrutura produtiva agrícola se perdeu, assim como o conhecimento. E é isso mesmo que Angola quer agora de Portugal: conhecimento. E esse conhecimento está na Estação Agronómica Nacional, em Oeiras.

A noite do primeiro dia de visita terá o também tradicional banquete oficial no Palácio da Ajuda.

O segundo dia será passado sobretudo no Porto, onde tem lugar o fórum económico e empresarial, com discursos de João Lourenço e de António Costa, que horas depois vão assinar acordos entre os dois países e almoçar com empresários. Pelo meio, o Presidente angolano será recebido na Câmara do Porto que também lhe entrega as chaves da cidade.

No regresso a Lisboa, João Lourenço tem um encontro com a comunidade angolana.

A visita termina no sábado de manhã, com uma visita ao Arsenal do Alfeite e uma conferência de imprensa de João Lourenço, que ainda almoça com Marcelo Rebelo de Sousa e só voltará para Luanda no domingo.

Comentários
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  • Filipe
    22 nov, 2018 évora 12:10
    Com a Amnistia concedida a pedido do Governo ao tal suspeito Angolano , até Hitler ainda pode vir um dia a Portugal . Um país repleto de gente oriunda dos crimes Internacionais onde os Vistos Gold também funcionam como uma Amnistia , qualquer dia senão já , temos aqui em Portugal as embaixadas da máfia do Mundo , a bem do investimento . Vale tudo e só um Carvoeiro ou Sucateiro demente não percebe que Portugal hoje é na Europa uma máquina de lavagem de dinheiro sujo do crime Mundial .
  • César Augusto Saraiva
    22 nov, 2018 Maia 10:30
    Que seja pois Bem-Vindo e que a visita seja proveitosa para ambos os países; Merecidamente!

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