19 nov, 2018 - 09:22
A Câmara de Lisboa quer que os motoristas da Carris passem multas aos condutores que utilizem de forma indevida a faixa destinada aos transportes públicos ou impossibilitem a passagem dos elétricos. A medida está a gerar polémica.
A medida já foi aprovada pela autarquia, mas é contestada, quer pela oposição camarária quer pelo sindicato que representa os motoristas.
O vereador da Mobilidade, Miguel Gaspar, diz que esse será um aspeto a definir pela própria Carris, mas o objetivo da autarquia é ter este novo modelo de cobrança de multas em vigor no próximo ano.
“Foi uma transferência de competências da Câmara para Carris. A partir do momento que seja aprovada na assembleia, a empresa possa a começar a fazê-lo", disse à Renascença Miguel Gaspar, acrescentando que a forma como a medida vai ser posta em prática ainda vai ter de ser definida pela Carris.
O presidente do Sindicato dos Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal, Manuel Leal, critica o facto de este processo estar a decorrer sem qualquer consulta das organizações sindicais e lembra que passar multas é uma competência da Polícia Municipal. A Carris tem a competência de fiscalizar os títulos dos transportes.
“Esta medida choca com a definição de funções que está estabelecida no acordo de empresa que define claramente quais as funções quer dos motoristas, quer dos trabalhadores da fiscalização que não enquadram qualquer possibilidade de terem uma função como a que foi discutida na Câmara”, explica Manuel Leal à Renascença.
O dirigente sindical diz ainda que os sindicatos estão abertos a negociar esta matéria, mas “se for para criar mais um ramo de negócio para uma empresa privada de vigilância, estão frontalmente contra”.
Na opinião de Manuel Leal, se há dinheiro dever ser para pagar aos motoristas, que não são aumentados há dez anos.