Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

​Governo admite estender apoios a refugiados sírios em Miranda do Corvo

13 nov, 2018 - 22:09

O objetivo é que a integração dessas famílias possa ser aprofundada e melhorada, para que, "a prazo, possam vir a deixar de necessitar desse apoio", disse o ministro Vieira da Silva.

A+ / A-

O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, disse esta terça-feira que o Governo está a avaliar a situação das famílias de refugiados sírios de Miranda do Corvo para que os apoios possam vir a ser alargados.

Na segunda-feira, três famílias de refugiados sírios instaladas em Miranda do Corvo ficaram sem água e eletricidade nas casas que habitam por ordem da Fundação ADFP, proprietária das habitações.

A presidente do Conselho Português para os Refugiados, Teresa Tito Morais, defendeu a urgência da revisão do sistema de apoio às famílias de refugiados em Portugal, nomeadamente um prolongamento dos apoios e ajuda no arrendamento das casas.

Questionado sobre o assunto à saída de uma reunião da Concertação Social, em Lisboa, o ministro do Trabalho disse aos jornalistas que está a trabalhar para que os apoios às famílias em causa possam ser alargados.

"Essas famílias têm tido um apoio do Estado português e também da Segurança Social e estamos, precisamente, neste momento a avaliar a situação para verificar quais são as condições possíveis, para melhorar o apoio a essas famílias", começou por responder o governante.

Vieira da Silva sublinhou que o apoio existiu "ao longo dos últimos tempos" e que são apoios "transitórios", adiantando que o Governo está a procurar que "haja condições para poderem ser estendidos".

O objetivo é que a integração dessas famílias possa ser aprofundada e melhorada, para que, "a prazo, possam vir a deixar de necessitar desse apoio", explicou o governante.

"Estamos a trabalhar para que sejam resolvidos os problemas que foram identificados", reforçou o ministro.

Também a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade disse hoje no parlamento que a situação dos refugiados sírios de Miranda do Corvo está "neste momento a ser objeto" de uma reunião.

"Tivemos conhecimento esta noite [segunda-feira] da situação de Miranda do Corvo", começou por dizer a secretária de Estado Rosa Monteiro, em resposta à questão colocada sobre a matéria pelo Bloco de Esquerda, no âmbito da audição da ministra da Presidência e da Modernização Administrativa sobre a proposta do Orçamento do Estado para 2019 (OE2019).

No caso em concreto, "está a ser neste momento objeto de uma reunião tripartida em Coimbra, precisamente entre a Segurança Social, o ACM [Alto Comissariado para as Migrações]" e a câmara municipal que, "desde o início da manhã, se disponibilizou para fazer parte da solução" e "a própria entidade envolvida", acrescentou a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade.

A coordenadora do programa de acolhimento de refugiados da instituição, Paula Santos, explicou à Lusa que as famílias em causa terminaram no início de setembro o contrato de apoio e não mostraram vontade de se autonomizar, conforme estipula o processo de acolhimento.

"Há dois meses que terminou o contrato de acolhimento, mas ao longo de todo o processo temos tentado resolver as suas situações. No entanto, houve resistência dos refugiados", disse a responsável.

Em declarações à agência Lusa, duas das famílias disseram que não têm dinheiro para pagar a mensalidade exigida pela instituição que os trouxe para Portugal há cerca de ano e meio, no âmbito de um programa de acolhimento de refugiados.

Os refugiados sírios queixam-se de que a Fundação ADFP pretende cobrar uma renda de 340 euros por cada apartamento T3, incomportável para a sua situação económica.

Segundo Paula Santos, da Fundação ADFP, muito antes de o programa terminar, "foram-lhes apresentadas casas e rendas mais baixas, entre os 190 e os 250 euros e eles não quiseram sair".

"Houve oportunidades de trabalho e também aí continuaram as mesmas resistências", sublinhou.

A Fundação ADFP já acolheu 88 refugiados, sendo que a sua maioria se autonomizou e outros saíram do país, mantendo ainda 20 pessoas em programa de acolhimento.

A própria instituição contratou um dos refugiados e integrou outro num programa de formação para pessoas com incapacidade, uma "vez que têm maior dificuldade em se autonomizar".

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Alice
    14 nov, 2018 País das Maravilhas 11:48
    Com comida, casa, e roupa lavada. Melhor do que qualquer português a trabalhar num supermercado!!

Destaques V+