07 nov, 2018 - 01:11
Afinal, não serão 280 milhões os falantes de Português em todo o mundo. Nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e em Timor-Leste, as pessoas que falam a língua de Camões são menos do que se pensa. Em alguns países, não passam de 15%, como é o caso da Guiné-Bissau.
Os dados vão ser apresentados quinta e sexta-feira, no 4.º Congresso de Cooperação e Educação, um encontro que tem lugar no ISCTE, em Lisboa.
Clara Carvalho, investigadora do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE, justifica este quadro com o facto de o Português ser ensinado com metodologias próprias de uma língua mãe, o que para a maioria das pessoas dos PALOP não é.
Em entrevista à Renascença, Clara Carvalho começa por explicar o que poderá estar a falhar no ensino da Língua Portuguesa no estrangeiro, a começar pelos professores.
Em Cabo Verde, calcula-se que só metade da população fale português fluentemente, embora toda a população seja suposta ser bilingue. Em Angola o panorama é diferente: como a guerra empurrou a população para as cidades, mais de 70% fala Português. Em Moçambique, porém, quase só quem vive ao redor de grandes cidades como Maputo e Beira é que se exprime na língua oficial – só 10% assumem o português como língua materna. Na Guiné-Bissau 15% fala português, em Timor-Leste eventualmente 25%, sublinha a investigadora.