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​Inspector-geral do Trabalho alvo de processo disciplinar por divulgar dados de funcionária

28 set, 2017 - 10:35

Pedro Pimenta Braz mandou divulgar a todos os funcionários da Autoridade para as Condições de Trabalho um documento com dados pessoais de inspectora.

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A Inspecção-Geral do Ministério do Trabalho e da Segurança Social abriu um processo disciplinar contra o responsável máximo da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), Pedro Pimenta Braz, por este ter mandado divulgar a todos os funcionários da instituição um documento que continha dados explícitos sobre o estado de saúde e a situação familiar de uma inspectora da casa.

A notícia está a ser avançada na edição desta quinta-feira do jornal “Público”. De acordo com o jornal, tudo começou no Verão de 2016, quando a inspectora da ACT apresentou um pedido de mobilidade interna para uma unidade local mais próxima da residência, alegando motivos de saúde e familiares detalhados com pormenor ao longo de todo o processo.

O pedido foi recusado por Pedro Pimenta Braz, com o argumento de que tem de haver um número mínimo de trabalhadores nos serviços desconcentrados para que a ACT possa cumprir “de forma digna e eficaz a sua missão”, acrescentando que está em causa a prossecução do interesse público.

Confrontada, já no final do ano passado, com a recusa do seu pedido, a inspectora expôs o caso ao Provedor de Justiça – que lhe deu razão – e interpôs um recurso hierárquico junto do secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, solicitando a revogação da decisão do inspector-geral do trabalho.

Ponderados os argumentos da trabalhadora e da ACT, o secretário de Estado revogou a decisão de Pedro Pimenta Braz e, num despacho com data de 28 de Junho de 2017, deu luz verde à transferência da inspectora para o local pretendido.

Ainda segundo o jornal, é partir desta fase do processo que se desencadeiam os factos que deram origem à abertura de um processo disciplinar contra o responsável máximo da ACT – a entidade que tem como missão assegurar o cumprimento da legislação laboral em Portugal e a prevenção dos riscos profissionais.

Ao tomar conhecimento do despacho do secretário de Estado a revogar a sua decisão, Pedro Pimenta Braz mandou-o divulgar, juntamente com o processo de recurso hierárquico, aos subinspectores-gerais e a todos os dirigentes da ACT, com a indicação de que deveriam “dar conhecimento de todo este processo a todos os colegas das suas respectivas unidades orgânicas”.

No documento a que o Público teve acesso, e que chegou ao mail de todos os funcionários da ACT, é possível identificar a trabalhadora em causa e conhecer com detalhe o seu estado de saúde e situação.

Questionado pelo Público sobre as razões que o levaram a divulgar o processo a todos os trabalhadores e sobre se a decisão tomada colide com as normas legais relacionadas com a reserva da intimidade da vida privada, Pedro Pimenta Braz não quis tecer quaisquer comentários.

Já fonte oficial do Ministério do Trabalho assegurou que só tomou conhecimento da situação “após denúncia efectuada directamente pela senhora inspectora da ACT para o e-mail institucional”. O gabinete de Vieira da Silva acrescentou ainda que “tanto quanto é do conhecimento do Ministério, é a primeira vez que ocorre uma situação como a denunciada”.

“A denúncia e respectivos elementos”, assegurou, “foram reencaminhados para a Inspecção-Geral do Ministério do Trabalho, Solidariedade e da Segurança Social para os legais efeitos”.

O Público sabe que, depois de analisar o caso, a Inspecção-Geral do Ministério recomendou a abertura de um processo disciplinar ao presidente da ACT e que o ministro seguiu a recomendação, tendo dado instruções para que a própria inspecção desse seguimento ao procedimento.

Confrontado com o processo disciplinar, o dirigente máximo da ACT disse mais uma vez não ter nada a comentar, acrescentando apenas que a sua defesa “será feita nos locais próprios”.

Comentários
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  • Filipe
    29 set, 2017 évora 00:36
    Desde quando a entidade que faz questão em revelar seja o que ver o faz e depois vem dizer que era conteúdo privado ? Estão todos doidos ? Os julgamentos também são públicos e as sentenças dos tribunais igualmente , e nelas se revelam conteúdos que só interessam aos envolvidos mas públicos por natureza . Ora , o que esta senhora quer fazer é por baixo da mesa ir morar para perto de casa , tal como os professores que escolhem lugares para se vincularem a 1000km da residência , não a mudam nem fazem questão de ocupar esse lugar , pois antes no passado utilizavam um expediente para estarem sempre ao pé de casa . Deviam ser desvinculados por não utilizarem o lugar que escolheram . Essa senhora fez questão ela em revelar , não foram ao diário de bolso ou meter microfones em casa dela . Ela é que devia ter utilizado outros argumentos , talvez até sejam falsos , pois agora podem ser escrutinados .
  • joel
    28 set, 2017 lisboa 16:22
    NÃO PODE FICAR IMPUNE E MELHOR CASTIGO PARA ESTE TRASTE, É SER POSTO FORA DA INSTITUIÇÃO

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