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Jornalista terá sido desmembrado no consulado saudita em Istambul. Trump volta a defender Arábia Saudita

17 out, 2018 - 15:44 • Tiago Palma

"Aqui vamos nós de novo com o ‘culpado até prova em contrário’, não gosto disso”, afirmou o Presidente dos Estados Unidos. Jamal Khashoggi foi assassinado no decorrer de um interrogatório e o corpo desmembrado na presença do cônsul saudita na Turquia.

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O jornalista Jamal Khashoggi era uma voz crítica (e incómoda) da monarquia saudita. Escrevera vários artigos de opinião no “The Washington Post”, exigindo reformas urgentes na Arábia Saudita. Nem sempre foi assim: Khashoggi chegou a ser próximo da monarquia. Mas tornou-se dissidente e resolveu viver desde então nos Estados Unidos.

Entrou no consultado saudita na Turquia a 2 de outubro, alegadamente para tratar da documentação necessária ao casamento com a noiva, de nacionalidade turca. E não voltaria a sair com vida.

Seguiu-se a investigação das autoridades turcas. E segundo estas avançaram à CNN após várias horas de buscas no interior do consulado, o jornalista foi assassinado no decorrer de um interrogatório que “correu mal”. A cadeia de televisão americana avança mesmo que Khashoggi terá sido desmembrado.

O mesmo escreve o diário turco “Yeni Safak”, próximo do regime de Erdogan, que garante ter acedido à gravação da tortura a que o jornalista foi sujeito. Adianta o “Yeni Safak” que o cônsul Mohammed al Otaibi (que entretanto abandonou a Turquia e regressou a Riad) assistiu a tudo. Mais: o desmembramento de Khashoggi teria sido conduzido pelo chefe de uma unidade forense enviada por Riad, o médico Salah Mohammed al Tubaigy.

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, garantiu entrentanto que o relatório sobre a morte de Jamal Khashoggi está a ser preparado.

Erdogan espera “poder chegar a conclusões que darão uma opinião razoável o mais rápido possível”. O presidente turco garantiria igualmente que algumas partes do consulado saudita em Istambul foram pintadas após o desaparecimento do jornalista, o que dificultou o trabalho das autoridades. “A investigação está a examinar muitas coisas, como materiais tóxicos e aqueles materiais que foram removidos pela pintura”, disse.

Embora a Arábia Saudita tenha por diversas vezes desmentido qualquer envolvimento na tortura e assassinato do jornalista, o “The New York Times” garante que as autoridades da Turquia identificaram cinco suspeitos, quatro deles com ligações ao príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

Curiosamente, o Presidente do Estados Unidos, Donald Trump, e depois de na segunda-feira, via Twitter, ter defendido a inocência de Mohammed bin Salman – “Acabei de falar com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, que negou totalmente qualquer conhecimento do que aconteceu.” –, voltou agora, citado pela Associated Press, a colocar-se do lado do regime saudita, um aliado histórico dos Estados Unidos no Médio Oriente.

“Penso que primeiro temos de descobrir o que aconteceu. Aqui vamos nós de novo com o ‘culpado até prova em contrário’. Não gosto disso”, afirmou Trump.

Comentários
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  • Dúvidas....
    18 out, 2018 lisboa 11:30
    Só não entendo como é que um dissidente, que foi viver para os EUA, que conhecia bem o regime saudita e do que ele era capaz, vai de livre e espontânea vontade enfiar-se no covil do lobo. "para tratar da documentação necessária ao casamento com a noiva, que era turca"??? e se era turca o que é que vai fazer ao consulado saudita???

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