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Missão europeia a Mercúrio leva tecnologia portuguesa

19 out, 2018 - 06:54

A primeira missão europeia a Mercúrio é lançada no sábado com ciência e tecnologia portuguesas.

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A primeira missão europeia que vai estudar Mercúrio, o planeta mais pequeno e mais próximo do Sol, é lançada no sábado, e nela participa uma cientista e uma empresa portuguesas. A astrofísica Joana S. Oliveira faz parte da equipa científica da missão BepiColombo da Agência Espacial Europeia (ESA) e a empresa Efacec construiu um equipamento eletrónico que irá monitorizar a radiação espacial durante a viagem e a operação de um dos satélites.

A missão, conjunta da ESA e da agência espacial japonesa JAXA, integra duas sondas, cujo lançamento está previsto para as 2h45 (hora portuguesa) da base de Kourou, na Guiana Francesa, a bordo de um foguetão Ariane 5.

As sondas só vão estar a orbitar o planeta sete anos após o seu lançamento. Uma, da ESA, vai estudar a superfície, o interior e a camada mais externa da atmosfera (exosfera) de Mercúrio. A outra, da JAXA, vai analisar a magnetosfera (região a maior altitude que envolve o planeta).

A investigadora Joana S. Oliveira considera que "Mercúrio é uma peça do 'puzzle' muito importante para perceber a evolução do Sistema Solar", uma vez que é o único planeta rochoso, além da Terra, que "possui um campo magnético global com origem num mecanismo de dínamo no núcleo líquido".

Para se compreender como vai evoluir o campo magnético da Terra, que protege o planeta da radiação solar intensa, é necessário "perceber como funciona o mecanismo que produz o campo magnético nos diferentes planetas", adiantou à agência Lusa.

De acordo com a cientista portuguesa, há questões que ficaram por responder com a sonda MESSENGER da agência espacial norte-americana NASA, que esteve em órbita de Mercúrio durante quatro anos, entre 2011 e 2015.

Joana S. Oliveira salientou que "não foram feitas medições do campo magnético no hemisfério sul do planeta devido à órbita excêntrica da sonda", que tinha de se distanciar de Mercúrio para arrefecer e "manter uma temperatura funcional".

Também por causa da órbita da MESSENGER, o campo magnético das rochas de Mercúrio só foi mapeado "numa banda de latitude muito pequena".

A missão BepiColombo, assim designada em homenagem ao matemático e engenheiro italiano Giuseppe (Bepi) Colombo (1920-1984) que se debruçou sobre Mercúrio, irá recolher dados durante um ano, prazo que poderá ser estendido por mais 12 meses.

Durante a viagem, as sondas vão aproximar-se da Terra e de Vénus antes de passarem seis vezes por Mercúrio e ficarem a girar em torno dele.

A sonda da ESA tem incorporado um equipamento eletrónico fabricado e testado pela Efacec "capaz de detetar o impacto de partículas energéticas como protões e eletrões", explicou à Lusa João Costa Pinto, da direção de projetos para o Espaço da empresa, acrescentando que o engenho distingue as partículas e determina "a gama de energias em que se encontram".

O equipamento, que monitoriza a radiação espacial ao medir a quantidade de partículas energéticas geradas pelo Sol, permite tomar medidas como "desligar aparelhos mais sensíveis durante os períodos de maior atividade solar" e evitar que se estraguem.

Comentários
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  • Jake
    19 out, 2018 Lisboa 09:45
    Por falar em dínamo vai uma aposta que plutão também zero moedas de cêntimo.

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