25 set, 2018 - 08:20 • Liliana Carona
Foi em Carregal do Sal, no Parque Alzira Claúdio, que assistimos a mais uma atuação dos "Full Glass", o grupo musical criado há três anos pela voz e viola do padre Pedro Leitão, sacerdote das paróquias de São João de Areias, Óvoa e Pinheiro de Ázere, em Santa Comba Dão.
A última missa do dia já lá vai. Já é noite, é hora de mais um concerto para o padre Pedro Leitão. “Boa noite a todos, somos os 'Full Glass', uma banda de trazer por casa, não tenham medo, juntem-se à festa”, apela o sacerdote, enquanto “a rapaziada mais nova já está aqui a dar o mote à dança”.
Aos 36 anos, a completar oito anos de sacerdócio, Pedro Leitão, de Santa Comba Dão, é o vocalista de um projeto musical que nasceu há três anos. “Nasceu de uma necessidade, na festa de S. João de Areias: faltava uma banda para um dia e, como não havia 'plafond', juntámos uns amigos e criámos a banda”, recorda.
O padre Pedro Leitão pega na viola e o reportório é vasto. Música para todos os gostos: de Carlos do Carmo a José Malhoa, passando por ritmos mais quentes como os de Martinho da Vila.
A música de Igreja ficou na igreja, mas o padre Leitão garante que nunca despe a batina. “Este é um outro modo de evangelizar, há aqui pessoas que não vão à missa e também por aqui se podem sentir chamadas. É um encontro de amigos paroquianos, que se juntam tanto à volta da mesa da eucaristia como à volta da mesa de uma esplanada”, aponta.
“A ideia de que os padres fora da igreja são outra coisa, é mentira. É fora da igreja que devem ser padres. Nesta parte, há uma certa missão. Estamos a cantar músicas que falam da vida e do amor e, ao ouvirem o padre a cantar, a tocar, há também um sinal de Cristo”, defende.
"Full Glass" - "Copo Cheio", na tradução para o português - é o nome que, segundo Pedro Leitão, simboliza a “outra filosofia mais bonita: ver o copo sempre cheio”.
Quem assiste na plateia, gosta de ver um padre a cantar bem. "É espetacular, o que interessa é a música boa”, defende Manuel Rodrigues, 70 anos. Também Maria Elisa, de 59 anos, aplaude o padre de Santa Comba Dão. “É divertido e um incentivo para os jovens”. Maria Amália, de 66 anos, não conhecia o padre Leitão mas admira o talento revelado. “Dá ritmo, Isto é que é bom para nós, levanta a moral”, conclui.
Nesta banda há outros elementos ligados à Igreja. Carlos Miranda 56 anos, é organista. “Toda a música pode ser cantada, aliás a Igreja adota cânticos de rock mas no início foi uma surpresa ver o padre e a nós neste grupo”, relembra.
A agenda está cheia para outubro. O Padre Pedro Leitão tem que dar música a muitas paróquias, até porque já existe grupo de fãs. “Felizmente são 'groupies' calminhas e não chateiam o ídolo” sorri o sacerdote ao coro de vozes: “Viva o Padre Leitão”.