Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Monchique. Habitantes falam em "dias de inferno" e alertam para escassez de alimentos

08 ago, 2018 - 08:37

Sucedem-se as críticas da população à forma como tem sido coordenado o trabalho das autoridades no combate ao fogo. A Renascença falou com dois habitantes, que descrevem dias complicados e de aflição.

A+ / A-

São "vários dias de inferno", sem dormir e com um "grande sentimento de impotência". Com o fogo à porta há seis dias, a indignação começa a crescer entre os habitantes de Monchique. Sucedem-se as críticas à falta de estratégia e de planeamento das autoridades.

"Não houve interesse pelas populações", lamenta Maria Isabel Cabral. À Renascença, a proprietária de um alojamento turístico no centro de Monchique passou a última noite na zona da Fóia, onde também tem propriedades.

Conta que, durante a madrugada "os reacendimentos eram constantes" e aponta o dedo às autoridades que estão a combater o fogo. "Limitam-se a andar de jipe de um lado para o outro, os tanques estavam parados na zona da Fóia. Eu disse-lhes 'tomem atenção que isto é um corredor de fogo. Não podem ficar de braços cruzados à espera que o fogo consuma'. O que me disseram foi 'minha senhora, que queime tudo'", relata, sem esconder a indignação. "Isto não pode continuar a acontecer".

Dado o risco de o incêndio tomar maiores proporções na zona da Fóia, Maria Isabel acabou por regressar ao centro de Monchique ainda durante a noite. Encontrou uma vila sem água, com eletricidade intermitente e telecomunicações fortemente condicionadas.

A água da rede regressou esta manhã, "até quando não se sabe", acrescenta, entre queixas de falta de água para proteger as casas durante a noite. "Sabe o que é que me disseram? Que nos reservatórios havia apenas 30 centímetros de água."

Água esgotada nos supermercados

Um outro habitante, Reinaldo Alves, também se queixa da falta de água, inclusive de água engarrafada nos supermercados. Mora junto à estrada que liga Monchique a Portimão e tem aproveitado quando a via não está cortada para ir ao concelho vizinho abastecer-se.

Contudo, "os supermercados têm uma grande escassez de alimentos", conta à Renascença. "A água acabou-se na maior parte deles. Ontem fui ao supermercado e trouxe a última água".

Reinaldo Alves é mais uma voz que se junta a tantas outras que denunciam a alegada desorganização dos meios no terreno.

Diz não entender a estratégia que tem sido seguida no terreno e fala de impotência perante a fúria das chamas que lavram descontroladas na serra de Monchique. "O fogo tem ido para onde quer", afirma. "Quando o fogo se aproxima de localidades e os bombeiros têm ordem para combater, eles conseguem realmente apagar o fogo".

Reinaldo gere uma empresa de atividades turísticas em Monchique, que se foca sobretudo nos passeios pedestres na serra. Com a floresta queimada, "as atividades em Mochique vão ter de parar". "Nem nós nos sentimos bem a conduzir pessoas no meio da cinza", diz.

Admite que, "enquanto a floresta não começar a rejuvenescer", o negócio está condenado. Pelo menos os próximos dois anos não serão fáceis para o empresário.

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Filipe
    08 ago, 2018 évora 12:19
    Em Portugal as instituições de alto gabarito estão sequestradas pelos mesmos de sempre , conseguem mesmos já idade a tocar a entrada em lares de 3ª idade , acumularem empregos e funções que metem a vida das pessoas em xeque . Eu não conseguia nunca opinar afinadamente sobre o Sporting e os fogos ! E mais , criaram uma data de cursos de Doutoramentos para nunca se ver nesses lugares gente jovem com boas classificações , apenas se lá encontra gente que tira cursos na Farinha Amparo e afins pagos por baixo da mesa ou por equivalências . O povo sabe quem muitos instrumentos toca pouco ou nada acerta ! Andam sempre a referir as especializações e no fim encontra-se gente é muito incompetente se não fosse a ligação a partidos políticos , andavam estas horas eles e os filhos a arrumarem carros na rua . Resumindo ; Nunca acreditem nessa gente inculta , apenas tem aparência e vende é banha da cobra .
  • 08 ago, 2018 11:06
    O jornal noticias diz e as pessoas sao obrigadas a acreditar??
  • António dos Santos
    08 ago, 2018 10:20
    A população tem razão. Houve mudança de comando, mas o resultado é o mesmo. O comando deve ser entregue a quem sabe e não a pseudo-competentes, que só têm teoria e não prática e passam, o tempo com o cu na cadeira. Acabem de imediato com a ANPC, que é um cancro do país e tem gastos gigantesco sem qualquer retorno.

Destaques V+