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Nem sempre se "trama" o mexilhão. Boticas vai ter centro de investigação para bivalve raro

28 fev, 2018 - 09:00 • Olímpia Mairos

A espécie chegou a ser dada como extinta em Portugal, no início do século XX. Redescoberto no rio Beça, concelho de Boticas, o mexilhão travou, em 2009, a construção de uma barragem e vai ser agora protegido e estudado.

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Ficou famoso em 2009. É um mexilhão-de-rio, chama-se "margaritífera margaritífera", uma espécie ameaçada que chegou a ser dada como extinta em Portugal, no início do século XX.

Quando foi redescoberto no rio Beça, no concelho de Boticas, travou a construção da barragem de Padroselos, projetada para junto a Covas de Barroso.

O empreendimento integrava o Plano Nacional de Barragens para a Bacia do Tâmega, mas não passou do papel devido à redescoberta fortuita do bivalve, não comestível, mas que se encontra protegido por uma diretiva comunitária.

Agora, o mexilhão raro vai ter direito a um centro de reprodução e divulgação científica e ambiental, a instalar no Parque de Natureza e Biodiversidade.

O projeto é da autarquia de Boticas e conta com a parceria da Iberdrola, que “apoiará financeiramente este centro de divulgação e investigação, permitindo o necessário investimento tanto em meios físicos como em recursos humanos qualificados”.

A sobrevivência do mexilhão-de-rio depende não apenas da qualidade das águas, mas também da existência de hospedeiros, como a "truta fario", no seu habitat.

Segundo a autarquia de Boticas, alguns exemplares que foram encontrados na natureza “estão já a ser encaminhados para o Parque de Natureza e Biodiversidade”. Numa primeira fase, vão ser colocados em quarentena nos aquários do posto piscícola e, posteriormente, transferidos para os tanques da estação de truticultura, onde têm os hospedeiros naturais para a sua reprodução.

Depois, quer pela reintrodução da própria espécie nos rios quer pelo repovoamento dos mesmos com trutas-fário, a "margaritífera margaritífera" será progressivamente devolvida ao seu habitat natural.

Estes bivalves são extremamente intolerantes a qualquer tipo de poluição, tendo também reduzida tolerância à salinidade, pelo que só existem em águas doces (rios e lagos) com água considerada de qualidade.

Em condições ótimas, atingem populações elevadas e são também eles próprios determinantes para a qualidade da água, devido ao volume que filtram.

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