12 dez, 2017 - 12:13
Charles Jenkins, um desertor do exército norte-americano que passou quatro décadas na Coreia do Norte, morreu esta semana no Japão, onde vivia há quinze anos, vítima de ataque cardíaco.
A história de Charles Jenkins é digna de um filme. Em 1965, quando estava colocado na fronteira entre as duas Coreias, desertou, atravessando a fronteira e entrando na Coreia do Norte. Tinha 24 anos e não queria ser enviado para a guerra do Vietname. A sua esperança era obter asilo na embaixada da União Soviética e depois ser enviado para os Estados Unidos ao abrigo de um programa de troca de prisioneiros.
Só que os soviéticos recusaram o seu pedido de asilo e Jenkins acabou por ficar preso na Coreia do Norte. Durante as quatro décadas que passou em Pyongyang, foi obrigado a estudar as obras do então líder, Kim Il-sung, ensinou inglês a funcionários do serviço de informações do regime e interpretou o papel de vilão americano em filmes de propaganda.
Casamento forçado com prisioneira japonesa
Em 1980, foi obrigado a casar com Hitomi Soga, uma japonesa raptada pelos norte-coreanos para ensinar japonês aos espiões. O casal acabou por se apaixonar, teve duas filhas e em 2002 a família foi autorizada a ir viver para o Japão.
Jenkins ainda foi julgado por deserção, recebendo uma pena simbólica de 30 dias de prisão. Mesmo depois de estar instalado no Japão, o antigo militar norte-americano nunca esqueceu as torturas que sofreu na Coreia do Norte e vivia em constante sobressalto, com medo de ser morto.
Numa entrevista à estação americana de televisão CBS, Jenkins confessou que o que mais lhe custou foi adaptar-se ao mundo moderno depois de tantos anos de isolamento. Nunca tocou num computador e ficou muito surpreendido por ver mulheres no exército e negros como polícias.