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Papa condena em Marselha o “trágico descarte da vida humana”

23 set, 2023 - 15:54 • Aura Miguel

Francisco celebrou, esta sábado, uma missa em Marselha, num estádio com mais de 60 mil pessoas, onde considerou que as grandes cidades "são um grande desafio contra as exasperações do individualismo".

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“Deus torna possível aquilo que parece impossível e gera vida mesmo na esterilidade”, disse esta tarde o Papa aos fiéis de Marselha. Na homilia da missa que celebrou no Estádio Velodrome, Francisco convidou os presentes a interrogarem-se se acreditam, de facto, que Deus age, de forma escondida e imprevisível, na história e “também nas nossas sociedades marcadas pelo secularismo mundano e por uma certa indiferença religiosa”.

A partir dos exemplo de Maria e da sua prima Santa Isabel, cujo menino "saltou de alegria perante a vida”, o Santo Padre sublinhou que a experiência da fé implica saltar de alegria e ser «tocado por dentro». “É o contrário de um coração insensível, frio, acomodado numa vida tranquila, que se tranca na indiferença e se torna impermeável a tudo e a todos, inclusive ao trágico descarte da vida humana, que hoje é rejeitada em tantas pessoas que emigram, bem como em muitos bebés não nascidos e em muitos idosos abandonados”.

No coração de Marselha, a segunda maior cidade francesa, o Papa alertou para os riscos de uma vida mecânica e insensível aos dramas de quem sofre e definiu como “doenças” da sociedade europeia, “o cinismo, o desencanto, a resignação, a incerteza e a melancolia”. Ou seja, “paixões tristes de uma vida sem saltos de alegria".

O Santo Padre considerou que as cidades metropolitanas e muitos países europeus como a França, onde convivem diferentes culturas e religiões, “são um grande desafio contra as exasperações do individualismo, contra os egoísmos e os fechamentos que produzem solidões e sofrimentos” e convidou a aprender de Jesus e a “sentir sobressaltos por quem vive ao nosso lado”.

Francisco deixou elogios à história rica de santidade, de cultura, de artistas e de pensadores, que apaixonou tantas gerações deste país. E concluiu que “também hoje a nossa vida, a vida da Igreja, a França, a Europa precisam disto: da graça dum salto de alegria, dum novo salto de fé, de caridade e de esperança”. Só deste modo os cristãos, “que encontram Deus com a oração, e os irmãos com o amor”, poderão “deixar-se queimar pelos interrogativos de hoje, pelos desafios do Mediterrâneo, pelo grito dos pobres, pelas «santas utopias» de fraternidade e de paz à espera de ser realizadas”.


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