Modelos de aviões de madeira, carros de lata e bonecas de porcelana pintadas à mão despedem-se das prateleiras que ocupam há 17 anos. O Museu do Brinquedo, em Sintra, dono de uma colecção com 90 mil brinquedos, vai encerrar a 31 de Agosto.
Os problemas começaram em Maio, quando a Câmara de Sintra cortou o apoio de cinco mil euros mensais à Fundação Arbués Moreira, que gere o museu, na sequência da nova lei das fundações. Além disso, previa-se a cobrança de uma renda.
Ana Arbués Moreira, directora do museu,
contou na altura à Renascença que seria difícil suportar tal despesa mensal. Acrescentou também que "a Câmara não tem nada para pôr ali", caso o museu fechasse.
Três meses depois, dito e feito.
A data de encerramento foi escolhida pelos responsáveis do museu para tentar aproveitar as últimas visitas do Verão. "Esta é a época alta do museu e por isso decidimos continuar abertos até ao fim do mês, mas a partir de Setembro já não vale a pena", explicou à
Renascença a curadora do museu, Leonor Campos.
A situação é "insustentável". "Devido à crise, os nossos visitantes diminuíram drasticamente. Os apoios da câmara foram retirados e não temos hipótese nenhuma de continuar a trabalhar sem fundos", acrescenta.
Lisboa pode ser hipóteseA fundação tem até 30 de Setembro para abandonar as instalações actuais. É uma tarefa difícil que inclui acondicionar com cuidado os 90 mil brinquedos da colecção.
Os responsáveis estão em negociações com a Câmara de Lisboa e outras autarquias para arranjar rapidamente uma nova casa para o espólio privado.
Caso contrário, os brinquedos vão ter de permanecer em armazéns. "Os brinquedos estão bem acondicionados e ficarão encaixotados até termos um espaço condigno e suficiente para expor toda a colecção."