20 fev, 2014 • Maria João Costa
Adriano Moreira defende que a língua portuguesa não precisa de um acordo ortográfico. O professor universitário considera que, tal como o inglês, o francês e o espanhol, os países falantes de português não precisam de um tratado.
"A língua não obedece a tratados, é melhor fazer declarações orientadoras que, a pouco e pouco, vão consagrando a evolução da língua - no meu tempo houve algumas e sem tratados - do que fazer tratados. Estamos todos atentos à língua, mas não pensamos dar ordens à língua. Um tratado é uma lei obrigatória", afirmou aos jornalistas presentes no festival literário Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim.
O antigo presidente da Academia das Ciências de Lisboa defendeu ainda uma frota comercial marítima entre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). "Todos juntos, sendo todo marítimos, embora pobres, e tendo o nosso tempo demonstrado que muitas vezes os fracos ganham aos fortes, talvez possamos ter uma frota", defende.
Olhando para a realidade nacional, Adriano Moreira, do alto dos seus 91 anos, alertou para o perigo de haver medidas que colocam gerações contra gerações e que acabam com aquilo a que chama de "comunhão de afectos". "Isso anda a ser esquecido. Algumas medidas que têm sido tomadas podem deteriorar este cimento fundamental sde uma nação que é ser comunidade de afectos", disse.
O Correntes d'Escritas faz 15 anos e termina este sábado.