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“Morre-se mal na sociedade portuguesa”

19 out, 2012 • Joana Bénard da Costa

Padre José Nuno defende a necessidade de formar os profissionais que, todos os dias, “acompanham pessoas em sofrimento, pessoas a morrer e pessoas a perder quem morre”.

Os hospitais precisam de uma revolução para que seja possível morrer melhor em Portugal. A ideia é defendida pelo padre José Nuno Ferreira da Silva, capelão hospitalar e autor de uma tese de doutoramento agora lançada em livro.

“A morte e o morrer entre o deslugar e o lugar” é o título da obra que foi lançada, esta sexta-feira, no hospital de Santa Maria, em Lisboa.

É preciso mudar quase tudo, alterar estruturas, criar regulamentos, mas sobretudo é preciso formação. O padre José Nuno Ferreira da Silva diz que é essencial os profissionais de saúde terem formação para aprenderem a lidar com a morte, que acontece cada vez mais no contexto dos hospitais.

“Integrar a morte na vida é uma revolução cultural, comecemos a fazer a revolução que falta fazer, formando, preparando, tornando competentes os profissionais que têm a seu cargo, dia após dia, acompanhar pessoas em sofrimento, pessoas a morrer e pessoas a perder quem morre.”  

Além da formação, académica e não só, o padre José Nuno Ferreira da Silva diz que os profissionais de saúde, assim como a sociedade de um modo geral, têm de aprender a lidar com a morte.

“Hoje, morre-se mal na sociedade portuguesa e na generalidade das sociedades ocidentais. Morre-se mal em casa, no hospital, nas instituições de idosos. Morre-se mal porque a cultura não olha para a morte e a sociedade não tem espaço nem ritmo para quem está a morrer”, sublinha.