Judeu filma-se a passear por Paris para revelar anti-semitismo
18 fev, 2015
Um jornalista israelita andou dez horas pela capital francesa com o kippah judaico. Foi insultado e até cuspido. O vídeo tornou-se viral.
Um jornalista judeu filmou-se a passear durante dez horas nas ruas de Paris para chamar a atenção para os comportamentos anti-semitas em França. O resultado da experiência é um vídeo de 90 segundos que se tornou viral.
O vídeo começa em frente à Torre Eiffel, onde Zvika Klein coloca o kippah, a peça com que os judeus tapam tradicionalmente o topo da cabeça.
Várias pessoas seguem o jornalista, chamam-no de judeu, cospem para o chão à sua passagem e um grupo de homens finge atiçar um cão para cima de Klein. Quando Zvika Klein passa por um parque da cidade cheio de jovens, uma mulher grita "Viva Palestina".
Numa entrevista à CNN, Klein contou que se sentiu "como um alvo andante".
"Estava acompanhado por um guarda-costas e em algumas alturas ele disse-me para sair dali porque notou alguma comoção por causa da minha presença em alguns locais", disse.
Apesar de se ter sentido assustado várias vezes, o israelita confessou que "esperava pior" e que a maior parte dos insultos aconteceram nos subúrbios mais pobres predominantemente muçulmanos.
Paris: 10 hours, silent walking as a Jew. I got spit at, cursed and threatened. Unfortunatley, this is France-2015 pic.twitter.com/3BZ9Jaqluh
"A França fica na Europa, a França é uma democracia e não deveria ser um problema uma pessoa que acredita em qualquer religião passear por qualquer rua nestas cidades", sublinhou.
De acordo com informação do vídeo, que já tem mais de três milhões de visualizações, em 2014 foram registados 851 ataques anti-semitas em França.
Segundo a Liga Anti-Difamação, organização internacional de combate ao anti-semitismo, a França é o país com mais ataques contra judeus na Europa Ocidental.
Sucessão de ataques Em Janeiro, quatro judeus foram assassinados num supermercado judaico, na sequência dos atentados ao jornal "Charlie Hebdo".
No fim-de-semana de 15 de Janeiro, outro atentado, aparentemente com motivos religiosos, fez dois mortos em Copenhaga, um dos quais resultou de um tiroteio à porta de uma sinagoga.
No âmbito destes incidentes, o primeiro-ministro de Israel já apelou várias vezes a que os judeus europeus regressem a Israel, uma atitude que não foi bem recebida pelo governo francês.