Os soldados curdos que estão a defender a cidade de Kobani contra os ataques do Estado Islâmico estão a lutar pelos direitos das mulheres em todo o mundo, afirma uma das líderes militares da resistência.
Meysa Abdo, que
utiliza o nome de guerra Narin Afrin (nalgumas fontes aparece Nalin), fez chegar um
artigo de opinião ao "New York Times" que surge no "site" do famoso jornal americano esta terça-feira.
"Estamos a defender uma sociedade democrática e secular de curdos, árabes, muçulmanos e cristãos, todos os quais enfrentam um massacre iminente", escreve.
Referindo-se aos militares curdos, que estão cercados em parte da cidade de Kobani desde o dia 15 de Setembro, Abdo fala da presença de mulheres nas fileiras: "Nós que estamos na linha da frente sabemos bem como o
Estado Islâmico trata as mulheres. Esperamos que as mulheres do mundo nos ajudem, porque lutamos pelos direitos das mulheres em todo o lado. Não estamos a contar que venham combater ao nosso lado (embora nos encheria de orgulho que o fizessem). Mas pedimos, sim, às mulheres que promovam a nossa luta, chamando atenção para a nossa situação nos seus próprios países, pressionando os seus governos a ajudar-nos."
No resto do seu artigo a líder curda garante que os curdos jamais irão desistir de defender a sua cidade, que está localizada na fronteira entre a Síria e a Turquia e recorda que os peshmerga, como são conhecidos os soldados que comanda, são dos únicos que conseguiram montar alguma resistência ao Estado Islâmico: "Sempre que os enfrentamos em igualdade de circunstâncias eles são derrotados. Se tivéssemos mais armas e pudéssemos ser reforçados por combatentes de outras partes da Síria, estaríamos em posição para infligir um golpe mortal contra o Estado Islâmico, um golpe que, acreditamos, poderia levar à sua dissolução em toda a região".
O principal obstáculo, conclui Meysa Abdo, é o Estado turco, que merece as mais fortes críticas. “Mesmo quando combatentes curdos de outras partes do norte da Síria tentam reforçar-nos com alguns dos seus veículos blindados e mísseis anti-tanques, a Turquia não o permitiu. A Turquia, que é membro da OTAN, devia ser um aliado neste conflito. Poderia ter-nos ajudado facilmente, permitindo a comunicação entre diferentes áreas curdas na Síria, para podermos mover combatentes e material de um lado para outro, através do território turco. Em vez disso, o Presidente da Turquia comparou várias vezes os nossos soldados, que defendem uma sociedade diversa e democrática, com o Estado Islâmico”.
A cidade de Kobani encontra-se actualmente cercada de três lados por militantes do Estado Islâmico e, nas costas, tem a fronteira turca. Os turcos permitiram a passagem de centenas de milhares de refugiados civis, mas há relatos de combatentes curdos feridos que morreram junto à passagem, sem autorização para serem socorridos em hospitais curdos, e todas as tentativas de reforçar as posições curdas pela fronteira têm sido negadas.
Só há dias, e após forte pressão internacional, a Turquia aceitou deixar passar 200 soldados curdos vindos do Iraque, que estão actualmente a caminho de Kobani.
O que é o Estado Islâmico?