“Abraço por abraço” em vez de “olho por olho” na Terra Santa
07 jul, 2014
Depois da morte de três jovens israelitas e de um palestiniano, as famílias das vítimas ultrapassam os obstáculos culturais para se consolarem umas às outras.
Ao longo dos últimos dias, o clima na Terra Santa entre judeus e árabes tem-se assemelhado a antiga Lei de Talião: olho por olho e dente por dente.
Depois de três adolescentes israelitas judeus terem sido raptados e assassinados, ao que tudo indica por militantes ligados ao Hamas, um jovem árabe foi raptado e assassinado, possivelmente queimado vivo, alegadamente por nacionalistas judeus.
A sequência de eventos levou a violência e manifestações de parte a parte, indiciando uma divisão ainda maior entre judeus e árabes na Terra Santa. Mas o jornal americano judaico “The Forward” dá conta na sua edição "online" de um facto surpreendente, revelando que nos últimos dias houve contacto entre as famílias dos mortos, para se consolarem uns aos outros.
Por iniciativa de Nir Barkat, presidente da Câmara de Jerusalém, o tio de Naftali Fraenkel, um dos judeus mortos, conversou ao telefone com o pai do jovem palestiniano. “Foi uma conversa emocionante e especial entre duas famílias que perderam os seus filhos”, referiu o autarca, que tinha contactado a família árabe para condenar a morte bárbara do jovem Mohammed, de 16 anos.
"Sangue é sangue"
A conversa teve lugar dias depois de Yishai Fraenkel ter comentado a morte do jovem árabe, em retaliação pela do seu sobrinho Naftali, dizendo que “a vida de um árabe é tão preciosa como a de um judeu. Sangue é sangue, homicídio é homicídio, seja a vítima judia ou árabe”.
Também recentemente os Fraenkel receberam a visita de uma delegação de palestinianos que residem na proximidade. A visita foi possível graças à ajuda de um rabino, mas quando os palestinianos foram interrogados sobre as suas intenções, um deles respondeu: "As coisas só vão melhorar quando aprendermos a lidar com a dor uns dos outros e deixarmos de nos zangarmos uns com os outros. Queremos encorajar a família mas também promover a libertação da Palestina. Acreditamos que o caminho para a nossa libertação é através do coração dos judeus".
Mais tarde, o mesmo homem falou de como a visita tinha corrido: "Receberam-nos muito, muito simpaticamente. A mãe foi incrível. Vejo diante de mim uma família judaica que perdeu um filho e que me abriu a porta. Isso não é uma coisa óbvia, tocou-me o coração e o da minha nação".