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Tiago Cavaco

“O casamento não é um prémio por um namoro feliz”

14 fev, 2014 • Ângela Roque

No seu mais recente livro, Tiago Cavaco apresenta uma visão cristã do matrimónio, contraria os preconceitos que levam os jovens a fugir do compromisso e mostra que casar é um desafio bom, embora exigente.

“O casamento não é um prémio por um namoro feliz”
Tiago Oliveira Cavaco tem 37 anos. Músico e blogger, é pastor da Igreja Evangélica Baptista que se reúne na Lapa, em Lisboa. Casado há quase 12 anos e pai de quatro filhos, acompanha, na sua comunidade, muitos casais, namorados, noivos ou já casados.

Esta experiência impeliu-o a escrever "Felizes para sempre e outros equívocos acerca do casamento", um livro para (re) lembrar qual é a visão cristã do casamento.

A experiência mostra a Cavaco que muitos jovens têm medo do compromisso e adiam o casamento “por acharem que [isso] é o melhor, quando se está perante um romance perfeito".

"Isto desencoraja as pessoas, porque é raro estamos perante romances perfeitos, e desprepara-os para a rotina do casamento”, diz Tiago. Aqui, rotina é entendida no melhor sentido, porque o casamento “não é o fim, mas o princípio de um caminho” e não é “um prémio para um namoro feliz”, mas um processo que exige empenho e dedicação dos dois elementos do casal.

O facto de tantos casais desistirem à primeira dificuldade fica a dever-se à muita dificuldade em perceber hoje que “o processo de semear, germinar e colher leva o seu tempo”.

No livro “Felizes para sempre e outros equívocos acerca do casamento”, Tiago Cavaco defende que ser casado “é bom, porque é um plano de Deus” e considera que “é mais fácil entender o casamento como um plano divino, pelas suas maravilhas, mas também pelas suas coisas difíceis”.

O autor encara com dificuldade que casais cristãos pensem em casar sem ter filhos. Considera mesmo que a forma como se encara a maternidade e paternidade, cada vez mais tardias, revela uma certa “infantilidade das novas gerações”, que acham que os filhos “são uma coisa que se tem quando se quer”, quando “boa parte da maturidade só se adquire depois de se ser pai e mãe”.

Desde que foi publicado, em Dezembro, o livro tem despertado a atenção de crentes e não crentes. Já houve quem lhe tenha dito que o que escreve sobre o casamento “faz sentido”, mas que “nunca tinha pensado nisso”. E já sentiu muitas vezes que falar de casamento é quase um acto revolucionário, "sobretudo quando estou com pessoas que não têm a minha fé”, sublinha.

Tiago Cavaco considera um erro o facto de os cristãos, em geral, falarem pouco sobre o assunto, ainda mais, agora, “com a vulgarização do casamento homossexual”.

Católicos ou evangélicos baptistas, defende, não devem perder a oportunidade de “dar testemunho”, defende, porque, ao mostrar que “existem casamentos consistentes, felizes no meio das dificuldades”, ganha-se “espaço de convicção junto das pessoas que não têm fé”. E, afinal, relembra: “Não será essa a história do cristianismo ao longo de dois mil anos? Saber viver e resistir quando a cultura parece que nos ajuda e quando parece que não nos ajuda?”.

A conversa com Tiago Cavaco vai ser transmitida no programa “Princípio e Fim”, Domingo às 23h30, na Renascença.