21 fev, 2014 • Daniel Rosário, enviado especial à Ucrânia
Segundo o repórter da Renascença no local, os polícias disseram que não fazem intenção de abandonar a praça.
A manifestação na Praça da Independência, na Ucrânia, acaba de assistir a um momento de euforia, testemunhado pelo enviado especial da Renascença a Kiev.
Inicialmente a entrada de um grupo de dezenas de agentes da autoridade no perímetro da praça causou alguma apreensão, mas os manifestantes irromperam em aplausos quando os polícias anunciaram que tinham vindo da cidade ocidental de Lviv, para se juntarem aos protestos contra o Governo.
A chegada deste grupo de polícias é o primeiro grande sinal de fractura nos aparelhos do regime, pelo menos em Kiev, onde os protestos duram há cerca de três meses e os confrontos entre civis e polícias de choque já fizeram pelo menos 77 mortes só esta semana.
Segundo o repórter da Renascença no local, os polícias disseram que não têm intenções de abandonar a praça.
Lviv é uma cidade do ocidente do país, tradicionalmente pró-europeu e contra este Governo.
A crise política na Ucrânia começou em finais de Novembro quando milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra a decisão do presidente de suspender os preparativos para a assinatura de um acordo de associação com a União Europeia e de reforçar as relações com a Rússia. A situação agravou-se na terça-feira à noite com violentos confrontos entre a polícia e manifestantes na praça Maidan, junto ao parlamento de Kiev. Apesar das tréguas anunciadas na quarta-feira, a manhã de quinta foi marcada por uma escalada da violência e a morte de pelo menos mais 49 pessoas.
As divisões são agravadas também por factores linguísticos, geográficos e religiosos. Os ucranianos que vivem no Leste do país falam russo, pertencem à Igreja Ortodoxa Russa e sentem-se próximos de Moscovo, enquanto os ocidentais tendem a falar ucraniano, ser fiéis da Igreja Ortodoxa da Ucrânia ou Católicos de rito bizantino e sentem-se mais próximos do Ocidente.