29 jan, 2015
A eurodeputada Ana Gomes insiste na necessidade de apurar responsabilidades políticas e criminais no processo de compra dos submarinos e garante que basta investigar melhor aquilo que o Ministério Público quer arquivar.
Numa conferência de imprensa, em que explicou por que razão pediu esta semana a abertura de instrução deste inquérito para tentar evitar o arquivamento, Ana Gomes não poupou acusações, sobretudo ao então ministro da Defesa, Paulo Portas, actual vice-primeiro-ministro.
A eurodeputada do PS diz que, mais tarde ou mais cedo, os portugueses conhecerão os contornos da história dos submarinos.
"O que está no processo e que eu consultei é infinitamente mais concreto e preocupante do que tudo o que foi dito na comissão de inquérito e, portanto, do meu ponto de vista, as responsabilidades políticas vão ter de se tirar, mais tarde ou mais cedo, qualquer que seja a actuação da justiça", disse.
"Ou vem cá para fora pela via do julgamento ou vem cá para fora quando deixar de estar em segredo de justiça porque se houver também uma decisão de indeferimento ao meu requerimento da abertura de instrução então quer dizer que acaba o segredo de justiça e virá tudo cá para fora e os senhores vão ter muita matéria com que se entreter durante anos, garanto-vos”, disse.
As mãos invisíveis
Ana Gomes contesta o argumento da prescrição de alguns factos, bem como a ideia de que foi impossível investigar determinados factos. Por isso, pede que o caso não seja arquivado e que chegue a julgamento.
"Eu diria que há aqui uma mão invisível, há várias mãos. Umas querem ir ao fundo da questão e há outras que não querem e querem arranjar todo e quaisquer pretextos para encerrar o assunto, arquivar o assunto. Factos muitíssimos importantes, elementos muitíssimos importantes, que estão no processo e a que eu tive acesso que saltam à vista. É por isso que eu peço ao juiz que tome a iniciativa, que obrigue a que se prossiga à investigação", diz.
A Procuradoria-Geral da República confirmou o arquivamento do caso dos submarinos, um processo com oito anos. A informação foi avançada pela revista "Visão" no dia 17 de Dezembro, na qual se explica que o Ministério Público decidiu não levar a julgamento nem deduzir acusações contra os arguidos.