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Morreu o “pai” das Famílias Numerosas

20 mar, 2014 • Filipe d’Avillez

Fernando Castro dedicou-se à causa da natalidade e da defesa dos direitos das famílias com mais de dois filhos. O corpo está em câmara ardente na Igreja de São Domingos  de Rana, havendo missa às 21h00. O funeral realiza-se no sábado.

Morreu o “pai” das Famílias Numerosas
Morreu aos 62 anos Fernando Castro, o fundador e principal motor, juntamente com a sua mulher Leonor, da Associação Portuguesa das Famílias Numerosas (APFN).

A APFN nasceu em 1999 com o objectivo de defender e promover os direitos das famílias que optam por ter mais de dois filhos, tendo sido ao longo de todos estes anos uma presença constante nos meios de comunicação social sempre que o assunto, bem como o tema da natalidade em geral, esteve na ordem do dia.

Ouvido várias vezes pela Renascença, esteve em Janeiro de 2013 no programa “Terça à Noite”, onde pediu que o Governo esclarecesse a sua posição sobre a esterilização forçada, a propósito do caso de uma mulher que teria sido intimada a laquear as trompas sob pena de lhe serem retirados os filhos.

Nessa entrevista o fundador da APFN admitiu conhecer casos de mulheres que abortam porque lhes é colocada a opção: “Ou tu abortas, ou a tua criança quando nascer é colocada para adopção”, por parte das autoridades.

Fernando Castro lamentava ainda que em Portugal exista cada vez mais um “clima” anti-família e acusava o recente relatório do FMI de ter subjacente a ideia de que as mulheres, depois de serem mães, devem regressar o mais rápido possível ao mercado de trabalho, ao contrário do que se faz em países mais desenvolvidos como a Alemanha.

O presidente da Associação de Famílias Numerosas disse mesmo que, bem feitas as contas, o Estado pouparia dinheiro se apoiasse as mães que optam por ficar mais tempo em casa com os filhos, obtendo resultados na diminuição da taxa de desemprego.

“Num país que tem um milhão de desempregados, este é um desafio que faço aos ‘meninos do Excel’, façam as contas e vejam quanto é que estão gastar em subsídio de desemprego. Parte desse bolo que estão a gastar em subsídio de desemprego atribuam a famílias de maneira a um deles poder-se sub-empregar. Nessa altura está a libertar postos de trabalho e sai bem na fotografia porque pode dizer que reduziu o desemprego”, propôs, na altura, Fernando Castro.

Mais recentemente, a propósito de um trabalho sobre medidas de incentivo à natalidade, disse à Renascença que para este Governo os filhos valiam zero: “Para o Estado os filhos passaram a valer zero. No que diz respeito ao cálculo do IRS, por exemplo, não entra em linha de conta a dimensão da família. É completamente injusto, uma família com o mesmo rendimento, sem filhos, pagar de taxa de IRS igual como se tivesse dez filhos”, critica.

Ao fim de um longo período de doença, Fernando Castro morreu esta quinta-feira, aos 62 anos, deixando, para além da sua viúva, 13 filhos e um grande número de netos.

Questionados, pelo Guia de Pais do site "Sapo", sobre a razão pela qual tinham decidido ter tantos filhos, Fernando e Leonor Castro disseram que é tudo uma questão de abertura à vida: “Porque estávamos abertos a ter uma família numerosa. Foi para isso que nos casámos. Quando se planta uma árvore, é na esperança que dê muitos e bons frutos.”

Na mesma entrevista, sobre o dinheiro necessário para criar uma família desta dimensão, foram também claros: "Depende do rendimento da família. É exactamente igual a todo o dinheiro disponível".

O corpo está em câmara ardente na Igreja de São Domingos  de Rana, a partir desta sexta-feira, havendo missa às 21h00. O funeral realiza-se no sábado.