A megaoperação da Polícia Judiciária (PJ) na passada quarta-feira, na Madeira, levou à detenção de três pessoas: um político e dois empresários.
Quem são Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia, que estão a ser investigados por corrupção?
Pedro Calado. O copiloto político
Pedro Calado é presidente da Câmara do Funchal desde outubro 2021, mas há muito que percorre os corredores da política insular. Há 19 anos, mais precisamente. Dos três detidos da megaoperação da Polícia Judiciária na Madeira, que decorreu na quarta-feira, é o único político.
Em mais do que uma ocasião, o autarca social-democrata já foi descrito, por pessoas próximas, como o “braço direito” e “delfim” de Miguel Albuquerque (que também foi constituído arguido). No ano passado, apesar de não desempenhar, a título oficial, nenhum cargo no Governo Regional, Albuquerque chamou-o para estar presente nas negociações com o PAN.
Dentro e fora do PSD, Calado é conhecido por ter um feitio complicado. Há alguns meses, foi acusado de misoginia por deputadas do PS, mas também do PSD. (O social-democrata rejeitou todas as acusações.) É desportista, pratica várias modalidades, e tem um histórico de prémios enquanto copiloto de rali.
O autarca – licenciado em Gestão de Empresas, responsável pela abertura dos escritórios da consultora KPMG na Madeira, tendo ainda passado pelo Banco Espírito Santo e a Caixa Geral de Depósitos - entrou para a vida política, enquanto vereador, em 2005, pela mão de Miguel Albuquerque, então presidente da autarquia do Funchal. E aí continuou até outubro de 2013, chegando à posição de vice-presidente (2012-2013).
Quando, em outubro de 2013, Miguel Albuquerque saiu da autarquia, Pedro Calado seguiu-o. No mesmo ano, os dois amigos criaram a Malpec, empresa de consultoria e investimentos imobiliários – que acabaria extinta, em 2015, antes de Albuquerque voltar à vida política ativa.
Calado não acompanhou (logo) Albuquerque para o Governo Regional.
Entre 2013 e 2017, além da Malpec, entrou no grupo de construção AFA – um dos três maiores da Madeira -, que detém os hotéis Savoy. Uma das suspeitas do Ministério Público que recai sobre o político é a de favorecimento do grupo AFA.
Em 2017, numa remodelação, Albuquerque voltou a convocar Pedro Calado, que abandonou o setor privado e assumiu funções enquanto vice-presidente do Governo Regional. Depois, em 2021, catapultou-o para reconquistar a Câmara do Funchal.
Ainda na quarta-feira, Albuquerque, que também foi constituído arguido no mesmo processo, acorreu em defesa de Pedro Calado. Disse que o autarca “é um político com grande qualidade” e que “esclarecerá todas as questões que tem de esclarecer”.
Estas palavras foram proferidas, no entanto, ainda antes de ser conhecida a notícia de que a Polícia Judiciária encontrou meio milhão de euros no cofre de um empresário com ligações ao autarca social-democrata.