“A confiança recíproca e subjetiva que preside à prestação dos serviços jurídicos em causa inviabiliza qualquer tentativa de adoção e critério de adjudicação que se revele adequado a assegurar uma proposta que responda aos objetivos da aquisição pretendida, para além de estar em causa a continuidade da prestação de serviços de patrocínio judiciário”, explica fonte da autarquia.
A mesma diz que a adjudicação “tem de ser realizada com base em critérios de qualidade, disponibilidade, adaptabilidade, confiança”, mas que isso “dificilmente é compatível com um mecanismo concorrencial”.
Esta autarquia evidencia ainda que dos cerca de 500 processos em que está envolvida, em média, por ano, apenas 30% são externalizados para escritórios. Os restantes são tratados pelos advogados da Câmara de Cascais.
Concurso público: todos fogem a sete pés
A Ordem dos Enfermeiros ꟷ que em três anos contratou serviços de escritórios de advogados com valor superior a mais de um milhão de euros ꟷ garante a absoluta legalidade de todos os processos em que está envolvida. Sublinha que estando sujeita "a uma obrigação geral de concorrência, transparência e publicidade”, "só recorre a este ajuste direto para a aquisição de serviços jurídicos quando não existe, em concreto, viabilidade de qualquer outra solução concorrencial.”
Analisando os dados extraídos do Portal Base, verifica-se que quatro em cada dez contratos da Ordem dos Enfermeiros neste âmbito são por ajuste direto de valor superior a 20 mil euros. Se olharmos para o critério valor, a quase totalidade dos acordos (o equivalente a 900 mil euros) são feitos ao abrigo do ajuste direto.