Europa atravessa a pior seca dos últimos 500 anos?

A situação atual de escassez de água bate recordes de décadas e até de séculos em vários pontos do continente.

11 ago, 2022 - 14:58 • Pedro Valente Lima



Seca na barragem La Vinuela, perto de Málaga, Espanha. Foto: Jon Nazca/Reuters
Seca na barragem La Vinuela, perto de Málaga, Espanha. Foto: Jon Nazca/Reuters

A Europa está a caminho da pior seca dos últimos 500 anos. A previsão do Centro Comum de Investigação da União Europeia não é animadora e aponta que a atual situação de seca ainda deverá piorar, devido às ondas de calor e ao défice de precipitação por todo o continente. As barragens e rios esvaziados são uma constante no cenário europeu.

Segundo Andrea Toreti, investigador do Observatório Europeu da Seca, "este ano é realmente excecional" e prepara-se para registar uma seca "mais extrema" do que em 2018.


A descida do nível da água revelou a antiga aldeia de Vilarinho da Furna. Foto: Olímpia Mairos/RR
A descida do nível da água revelou a antiga aldeia de Vilarinho da Furna. Foto: Olímpia Mairos/RR
Albufeira da barragem do Caia, em Portalegre. Foto: Nuno Veiga/Lusa
Albufeira da barragem do Caia, em Portalegre. Foto: Nuno Veiga/Lusa


Em Portugal, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), não choveu o suficiente em 14 dos últimos 20 anos. Neste momento, o instituto coloca 55% do território continental em seca severa e os restantes 45% em seca extrema. O ano de 2022 já fica marcado pela terceira pior seca em Portugal desde 1931.


Os barcos ficam em terra na barragem de La Vinuela, em Málaga. Foto: Jorge Zapata/EPA
Os barcos ficam em terra na barragem de La Vinuela, em Málaga. Foto: Jorge Zapata/EPA
A seca no rio Guadiana, em Espanha. Foto: Susana Vera/Reuters
A seca no rio Guadiana, em Espanha. Foto: Susana Vera/Reuters


Infelizmente, em Espanha o cenário é bastante familiar. O país está a viver a pior seca desde 1981 e as reservas de água estão a menos de metade da capacidade total das albufeiras e barragens. No início de agosto, a bacia do rio Guadiana encontrava-se apenas a um quarto da sua capacidade habitual em território espanhol.


Seca no rio Doubs, na fronteira entre França e Suíça. Foto: Denis Balibouse/Reuters
Seca no rio Doubs, na fronteira entre França e Suíça. Foto: Denis Balibouse/Reuters

Outro dos episódios recentes de seca passa pela fronteira entre a Suíça e a França. Depois de meses com pouca chuva, o rio Doubs está praticamente seco, reduzido a escassos canais de água.

Neste momento, mais de cem municípios franceses não têm capacidade para fornecer água potável canalizada e 62 regiões têm acesso restrito a este bem precioso. Em comunicado, a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, anunciou a criação de uma task force para fazer frente à "pior seca de sempre" registada em França.


Os canais de Pádua esvaziam-se. Foto: Roberto Silvino/NurPhoto/Reuters
Os canais de Pádua esvaziam-se. Foto: Roberto Silvino/NurPhoto/Reuters
O nível do Reno baixou e deixa a economia alemã em alerta (Dusseldorf). Foto: Ying Tang/NurPhoto/Reuters
O nível do Reno baixou e deixa a economia alemã em alerta (Dusseldorf). Foto: Ying Tang/NurPhoto/Reuters


Nas cidades e principais centros urbanos da Europa, rios e canais dão lugar a paisagens áridas. Na Alemanha, o baixo nível das águas do Reno ameaça o transporte de bens essenciais, como o carvão e gasolina. O rio costuma ser uma das principais vias utilizadas, mas a redução do caudal poderá obrigar as empresas a recorrerem a embarcações de menores dimensões ou até a optar por outras alternativas mais caras, como o caminho de ferro.

A sul, 2022 será o ano mais quente e seco de que há registo em Itália, segundo o Instituto de Atmosfera e Ciência Climática do Conselho Nacional de Investigação italiano. A escassez de água faz-se sentir de tal forma que o rio Pó, o maior rio do país, está 90% abaixo da sua habitual capacidade. Com vários segmentos do seu percurso secos, foi até possível desvendar uma bomba da II Guerra Mundial.


Casas-barco no seco rio Waal, nos Países Baixos. Foto: Ana Fernandez/SOPA Images/Reuters
Casas-barco no seco rio Waal, nos Países Baixos. Foto: Ana Fernandez/SOPA Images/Reuters

Nos Países Baixos, a seca encalhou várias casas-barco no leito do rio Waal, perto de Nijmegen. O governo neerlandês já declarou a oficial escassez de água no país, que, abaixo do nível do mar, poderá ser um dos mais afetados pelos efeitos do aquecimento global.


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