Barras de ouro e paletes de notas. Imagens inéditas da Casa Forte do Banco de Portugal

Portugal tem a 14.ª maior reserva de ouro do mundo. “Não é uma ficção, ele existe”, garante o administrador do Banco de Portugal Hélder Rosalino. A Renascença foi visitar o local onde a maior parte é guardada.

17 mai, 2022 - 18:32 • Sandra Afonso , Marta Grosso



 

Casa Forte de Reserva. É assim que se chama o local onde o Banco de Portugal armazena as reservas de ouro, recupera notas destruídas e analisa se algumas são falsas.


Banco de Portugal tem 173 toneladas de ouro no Carregado. Foto: Sandra Afonso/RR
Banco de Portugal tem 173 toneladas de ouro no Carregado. Foto: Sandra Afonso/RR

Portugal não vende ouro desde 2007, no âmbito do acordo de estabilização ao nível dos países do euro. Neste momento, é o sexto país da Europa Ocidental com mais ouro.

“O Banco de Portugal tem a 14.ª maior reserva de ouro do mundo e a 6.ª maior da Europa Ocidental”, afirma aos jornalistas Hélder Rosalino, administrador do Banco de Portugal. “Não é uma ficção, ele existe”, garante.

Nesta terça-feira, numa visita guiada, os jornalistas puderam pela primeira vez tirar fotografias à Casa Forte de Reserva, que fica no Carregado.


Barras de ouro no cofre do Banco de Portugal no Carregado Foto: Sandra Afonso/RR
Barras de ouro no cofre do Banco de Portugal no Carregado Foto: Sandra Afonso/RR
Barras de ouro no cofre do Banco de Portugal no Carregado Foto: Sandra Afonso/RR
Barras de ouro no cofre do Banco de Portugal no Carregado Foto: Sandra Afonso/RR


Grande parte deste ouro está guardado nestas instalações: 13.666 barras, num total de 173 toneladas.

Cada barra pesa cerca de 12 quilos. No Carregado, estão ainda 406 barras que pertencem ao Banco Central Europeu (BCE), mas estão à guarda do Banco de Portugal (BdP).


Barras de ouro no cofre do Banco de Portugal no Carregado Foto: Sandra Afonso/RR
Barras de ouro no cofre do Banco de Portugal no Carregado Foto: Sandra Afonso/RR

Curiosamente, a maioria do ouro está no estrangeiro. “Temos 186 toneladas custodiadas no Banco de Inglaterra, um dos principais locais de custódia de ouro e de transação de ouro. Temos lá uma parte significativa do nosso ouro: cerca de 49%”, conta Hélder Rosalino.

A colocação de ouro no estrangeiro é uma estratégia comum entre bancos centrais, que permite a rentabilização do ativo, sobretudo quando as taxas de juro ficaram negativas.

Só em 2011, o euro rendeu 40 milhões (37% dos resultados ativos de gestão); em seis anos, o BdP encaixou 132 milhões com o ouro colocado no exterior.

Atualmente, as reservas de ouro representam 10% dos ativos totais do Banco de Portugal, avaliadas em cerca de 20 mil milhões de euros. Contas feitas, significa uma valorização de cerca de 17 mil milhões, caso a instituição entendesse vender este ouro.

Mas, nas instalações do Carregado há também 2,6 mil milhões de euros em notas.


Aqui estão mais de 135 milhões de notas. Foto: Sandra Afonso/RR
Aqui estão mais de 135 milhões de notas. Foto: Sandra Afonso/RR
Total de notas soma 2,6 mil milhões de euros. Foto: Sandra Afonso/RR
Total de notas soma 2,6 mil milhões de euros. Foto: Sandra Afonso/RR


No total, são 135 milhões e 856 mil notas, prontas para entrar em circulação.

Todas as notas que chegam ao Carregado passam por máquinas que verificam se são verdadeiras ou falsas e se têm condições para circular. Depois, são separadas em quantidade e divididas em maços, empacotadas.


Todas as notas que chegam à Casa Forte são verificadas. Foto: Sandra Afonso/RR
Todas as notas que chegam à Casa Forte são verificadas. Foto: Sandra Afonso/RR

No caso de as primeiras máquinas não conseguirem averiguar a veracidade das notas, elas passam para outra secção, onde vão analisadas por especialistas que vão usar outras máquinas para apurar a existência, ou não, de elementos de segurança – por exemplo, liga metálica, relevo, marca de água, filete de segurança, mas também alguns que não são do conhecimento público.


Há locais especializados para avaliar se as notas são falsas ou verdadeiras. Foto: Sandra Afonso/RR
Há locais especializados para avaliar se as notas são falsas ou verdadeiras. Foto: Sandra Afonso/RR
As notas são verificadas ao pormenor. Há elementos de segurança conhecidos e outros desconhecidos do público.  Foto: Sandra Afonso/RR
As notas são verificadas ao pormenor. Há elementos de segurança conhecidos e outros desconhecidos do público. Foto: Sandra Afonso/RR


Segundo o BdP, os maiores picos de circulação de dinheiro falso em Portugal acontecem no verão e no fim de ano.


Falsa ou verdadeira? Foto: Sandra Afonso/RR
Falsa ou verdadeira? Foto: Sandra Afonso/RR
As moedas passam pelo mesmo processo de avaliação. Foto: Sandra Afonso/RR
As moedas passam pelo mesmo processo de avaliação. Foto: Sandra Afonso/RR


As autoridades judiciárias já conseguiram desmantelar várias redes de contrafação em Portugal.


Análise das moedas de 2 euros. Foto: Sandra Afonso/RR
Análise das moedas de 2 euros. Foto: Sandra Afonso/RR
Pormenores da moeda de dois euros. Foto: Sandra Afonso/RR
Pormenores da moeda de dois euros. Foto: Sandra Afonso/RR


Ao Carregado chegam também notas pintadas – tintas de segurança, lançadas na sequência da violação de uma caixa multibanco/ATM ou de um banco.


A tinta é uma medida de segurança. Foto: Sandra Afonso/RR
A tinta é uma medida de segurança. Foto: Sandra Afonso/RR

Se tinha notas em casa e ficaram danificadas por causa de um incêndio ou de cheias, ou ainda se o seu animal de estimação lhe deu umas dentadas, saiba que pode entregá-las ao Banco de Portugal.

Elas são depois enviadas para a Casa Forte de Reserva do Carregado e, de mais de 50% da superfície for recuperável, o valor das notas é restituído à pessoa. No caso de não se conseguir recuperar, são destruídas e não existe lugar a qualquer restituição.

De salientar que este é um serviço que o BdP presta sem cobrar qualquer valor, é ‘pro bono’.


O serviço de recuperação de notas é gratuito. Estas estavam enterradas. Foto: Sandra Afonso/RR
O serviço de recuperação de notas é gratuito. Estas estavam enterradas. Foto: Sandra Afonso/RR

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