02 fev, 2024 • Fátima Casanova
A menos de 24 horas da anunciada manifestação anti-imigração em Lisboa, no Explicador desta sexta-feira tentamos perceber em que pé é que as coisas estão.
Quais são os últimos desenvolvimentos?
A manifestação está proibida! O Tribunal Administrativo de Lisboa confirmou esta sexta-feira à tarde, a decisão da Câmara de Lisboa de proibir a manifestação, que estava a ser promovida por grupos ligados à extrema-direita, entre eles o 1143.
A ação tinha sido apresentada esta semana por Mário Machado, um dos rostos da iniciativa que junta grupos extremistas.
Por que é que a justiça foi chamada a pronunciar-se?
Estes grupos recorreram à justiça para tentar reverter a proibição decretada pela autarquia. Há uma semana, a Câmara de Lisboa anunciou que não autorizava a manifestação que estava anunciada para as ruas da Mouraria, no Martim Moniz, uma zona de Lisboa muito multicultural, com muitas pessoas oriundas de países muçulmanos. Esta manifestação é uma iniciativa de grupos extremistas que querem protestar “Contra a islamização da Europa”.
Foi por causa do local da manifestação que a autarquia decidiu proibir?
Sim, depois de ouvir as autoridades. A PSP considera que o protesto pressupõe um elevado risco de perturbação grave e efetiva da ordem e da tranquilidade pública. Foi com base neste parecer, que a autarquia decidiu não autorizar a manifestação.
Essa decisão vai travar a iniciativa destes grupos de extrema-direita?
Há muitas dúvidas. Os organizadores da manifestação já disseram que, com ou sem autorização, vão concentrar-se. Numa mensagem divulgada num grupo do Telegram, convocam para o mesmo dia e para a mesma hora uma ação de protesto, acrescentando que, como não se trata de uma manifestação, não têm a obrigação de notificar a câmara. O local, no entanto, não foi anunciado.
E as autoridades o que dizem a isso?
Em comunicado, a PSP já avisou que, juntamente com a Câmara de Lisboa, está a planear uma operação policial que possa ser adaptada aos diferentes cenários possíveis e garante que está a acompanhar a par e passo todos os desenvolvimentos.
Por que é que a polícia está tão preocupada?
Porque há um outro dado que faz aumentar o risco: o anúncio desta manifestação por parte de grupos extremistas levou coletivos antirracistas a preparar uma contra-manifestação de pessoas de todas as cores, também para amanhã e para o mesmo local.
E não há ninguém que ponha “água na fervura”?
O assunto deverá ser abordado esta sexta-feira em todas as mesquitas, disse à Renascença o imã da mesquita de Lisboa. O Sheik Munir disse que iria ser pedido aos fiéis para manterem a máxima calma e tranquilidade, lembrando que estão num país livre e democrático, cabendo às instituições defenderem a lei e os cidadãos.