16 jun, 2023 - 00:00 • Diogo Camilo
As raparigas continuam a ser o “sexo forte” nos exames do ensino secundário, mas o fosso para os rapazes encurtou-se este ano. Depois de no último ranking ter sido registada a maior diferença de média entre géneros dos últimos anos, os alunos portugueses melhoraram ligeiramente os seus resultados, enquanto as alunas sofreram uma pequena quebra.
Ainda assim, nas 14 disciplinas com maior número de provas realizadas em 2022, o sexo feminino superou o masculino em 10. As únicas exceções deste ano foram História A, Geografia A, Geometria Descritiva e Economia A. Comparando com o ano passado, houve apenas uma mudança entre essas quatro: Economia entrou no lugar de Inglês.
Segundo dados do Ministério da Educação, analisados pela Renascença, as alunas obtiveram uma média de 11,64 nos exames nacionais (no ano anterior foi de 11,86), enquanto os rapazes tiveram uma média de 11,31 (em 2021 foi de 10,99).
A diferença do ano passado, que foi a maior de sempre entre raparigas e rapazes nos exames nacionais do ensino secundário nos últimos anos, encurtou-se para cerca de 0,3 valores - a mesma diferença que existia entre os dois sexos antes da pandemia.
Tal como no ano passado, as maiores diferenças entre rapazes e raparigas continuam a sentir-se nas duas disciplinas mais importantes dos cursos científico-humanísticos: Português e Matemática.
Em 2022, as raparigas registaram uma média de 12,63 a Matemática A, enquanto os rapazes ficaram-se pelos 11,43. Esta diferença, de 1,2 valores, é a maior entre todas as disciplinas, mas representa uma melhoria em relação à diferença de 1,54 valores do ano passado, que colocava os alunos do sexo masculino muito mais próximos da média negativa do que da média do sexo oposto.
A Português, Filosofia e Física e Química o cenário não é tão drástico, mas continua desequilibrado: as raparigas registam médias cerca de 0,6 valores acima dos rapazes nestas três disciplinas, enquanto a Biologia e Geologia e a Inglês, as diferenças são mínimas, mas favoráveis ao sexo feminino.
Entre os oito exames mais concorridos em 2022, os utilizados para o Ranking das Escolas da Renascença, apenas dois tiveram rapazes com médias acima das raparigas. Em Economia A, os alunos superaram as alunas por uma décima, enquanto a Geografia a diferença é maior e ronda os 0,5 valores.
A tendência já vem de trás: no ano passado, o sexo masculino também superou o feminino a Geografia (e História), mas as diferenças aumentaram este ano.
No ano passado, os rapazes não conseguiram superar as raparigas nas provas mais realizadas em nenhum distrito de Portugal. No entanto, este ano há algumas exceções.
Em Portalegre e Évora foi o sexo masculino a sobressair com médias 0,5 valores acima do feminino, enquanto nos Açores e na Madeira as diferenças foram mínimas, mas favoráveis aos rapazes.
No Porto, o distrito com as médias mais altas nos exames de secundário, as raparigas tiveram resultados 0,5 valores acima dos rapazes, mas a maior diferença ocorreu em Bragança, onde quase um valor separou os resultados das raparigas dos rapazes.
Em Lisboa, as raparigas ficaram acima dos rapazes por uma diferença de 0,35 valores.
No ano passado, a diferença de médias entre os sexos foi superior a um valor em sete distritos: Porto, Santarém, Braga, Leiria, Viseu, Viana do Castelo e Bragança.
A Português, os rapazes só foram melhores que raparigas nos Açores, mas por uma diferença quase irrelevante (0,02 valores), enquanto que a Matemática o sexo masculino superou-se ao feminino em apenas dois distritos: Évora e Portalegre (diferenças de 0,1 e 0,6 valores, respetivamente).
Do lado contrário, o maior fosso das raparigas para os rapazes a Português foi registado em Bragança, onde as alunas tiveram, em média, mais 2,2 valores no exames que rapazes. A Matemática, a maior margem aconteceu na Guarda, em que raparigas tiveram mais 1,3 valores que rapazes.
Nos exames do 9.º ano, que regressaram no ano letivo passado após dois anos de pausa devido à pandemia, a história não foi diferente. As raparigas tiveram uma média no conjunto das duas provas de 52,2 pontos de 0 a 100, enquanto os rapazes ficaram mais de quatro pontos abaixo, nos 48 pontos.
Comparando com as médias do secundário, esta superioridade equivale a cerca de 0,8 valores na escala de 0 a 20 - maior do que a diferença entre rapazes e raparigas nos exames de 11.º e 12.º ano.
A Português, o fosso foi maior que a Matemática: elas tiveram uma média de 58 pontos, enquanto os rapazes ficaram-se pelos 51,6. Numa escala de 0 a 20, esta diferença traduz-se para 1,3 valores - mais do dobro da margem de raparigas para rapazes no mesmo exame do 12.º ano.
No exame de Matemática, a diferença foi menor mas o sexo feminino voltou a ser melhor. As raparigas tiveram uma média de 46,4 pontos na prova, enquanto os rapazes ficaram-se pelos 44,4. Esta distinção de 2 pontos traduz-se num fosso de quatro décimas numa escala de 0 a 20.