21 set, 2022 - 18:00 • Diogo Camilo
A 6 de setembro, as forças ucranianas avançaram sobre a cidade de Balakliya, na região de Kharkiv, que estava sob o controlo russo há mais de seis meses.
Dois dias depois, o território foi recapturado. No espaço de uma semana, foram reconquistados cerca de oito mil quilómetros quadrados - o equivalente a quase três distritos de Lisboa.
A guerra avança agora para o seu terceiro capítulo e, desta vez, a vantagem parece estar do lado da Ucrânia, mas o Presidente russo, Vladimir Putin, já anunciou a mobilização de mais 300 mil soldados e um reforço da máquina de guerra.
Quando a Rússia iniciou a invasão do território ucraniano, a 24 de fevereiro, lançou ofensivas sobre as regiões em disputa, de Donetsk e Lugansk, mas também um cerco à capital Kiev e a territórios a norte da Ucrânia, como as cidades de Sumy e Chernihiv, e a sul, junto à Crimeia, como Mariupol, Kherson e Melitopol.
No primeiro mês de guerra, os ataques a norte, sul e este mostraram-se demasiado poderosos para uma Ucrânia sem meios para defender o seu território. O mapa com dados do norte-americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), reproduzido pela Renascença, mostram os avanços russos desde o início da invasão.
As forças russas passaram a controlar a central nuclear de Chernobyl, junto à fronteira da Ucrânia com a Bielorrússia, assim como mais de 20% do território ucraniano, mas falharam o objetivo maior: o assalto a Kiev.
Durante semanas, a capital foi alvo de fortes ataques, mas a resiliência ucraniana prevaleceu. Foi nesta altura que as forças russas anunciaram a retirada de tropas de Kiev e do norte da Ucrânia para as concentrar a sul, em Kherson e Mariupol, e no sudeste, junto a Kharkiv e à região do Donbass.
A partir de abril e maio, a Ucrânia começou a receber armamento de países aliados, como os EUA e a União Europeia, enquanto o número de jovens ucranianos a voluntariar-se para a guerra disparou.
Até agosto, o cenário foi quase o mesmo: forças russas deixaram de apostar nos ataques aéreos e começaram a sofrer com as ofensivas ucranianas. O Ministério da Defesa ucraniano avançava o número de mais de 45 mil baixas militares na Rússia, entre elas mais de uma dezena de altas patentes militares russas.
Para responder, Moscovo aproveitou o verão para recrutar mais soldados. No entanto, foi traído pela sua denominação da invasão à Ucrânia. Ao chamar a guerra de “operação militar especial”, a Rússia não requer o serviço militar obrigatório e é obrigada a recrutar militares junto de mercenários, ao libertar presidiários e ao aliviar leis, permitindo que militares com mais de 40 anos possam combater.
Estes homens são colocados nas linhas da frente para defender o território que havia sido conquistado em fevereiro e março, mas com menos experiência militar que aqueles que substituem.
No final de agosto, a Ucrânia anunciou contra-ataques às forças russas junto a Kherson, a cidade-chave para controlar o sul do país.
Confrontado com a escolha entre defender Kherson ou Kharkiv, Moscovo deslocou tropas para o sul da Ucrânia, deixando o nordeste do país vulnerável e sem os seus melhores soldados.
Quando os ataques ucranianos começaram, no início de setembro, a resistência foi quase nenhuma.
Entre 6 e 14 de setembro, no espaço de uma semana, as forças ucranianas recuperaram cerca de oito mil quilómetros quadrados de território e recapturaram dezenas de cidades, incluindo Kupiansk, uma importante cidade de paragem ferroviária por onde a Rússia movia tropas, e Izium, onde russos guardavam depósitos de abastecimento.
Em Kherson também foram feitos progressos, com ataques ucranianos a recuperarem cerca de 500 quilómetros quadrados de território.
Como resposta à perda de território, a Rússia anunciou esta quarta-feira a mobilização de 300 mil reservistas e reconheceu que o país perdeu 5.937 soldados durante quase sete meses de guerra.
A medida foi explicada pelo ministro da Defesa, Sergei Shoigu, depois de o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ter falado numa "mobilização parcial" dos cidadãos.
Nesta imagem pode ver o território reconquistado pelas forças ucranianas desde o dia 24 de março, quando a guerra decorria há um mês, e o cenário de guerra atual.